Esta semana, mais uma figura revolucionária do ambientalismo e da sustentabilidade no mundo se foi. A economista britânica Hazel Henderson morreu em 22 de maio, em Saint Augustine, na Flórida, deixando um legado importante para as atuais e futuras gerações.
Chamada de musa da sustentabilidade e futurista da economia e do ambientalismo por pensadores futuristas como Al Gore e Alvin Tofler, seus admiradores, Henderson refutava o PIB (Produto Interno Bruto), dizendo que o índice não servia para medir a riqueza nem a qualidade de vida dos países. Está mais do que provado que ela estava certa.
Ela acreditava numa globalização mais justa e em uma nova economia, mais sustentável, que chamava de economia do amor ou colaborativa, embasada por valores femininos. Nessa linha, propunha a monetização do trabalho das mulheres que representa 50% da riqueza mundial, mas não é contabilizada pelos governos. Luta eterna.
Seu olhar diferenciado para a realidade mundial chamou a atenção de diversos líderes e rendeu a alcunha de acupunturista global, como destaca a futurista Rosa Alegria no artigo que escreveu sobre a amiga que conheceu no início dos anos 2000: “uma aliança sagrada mestre-discípula”.
Henderson convenceu economistas e investidores a cerca da importância da preservação da natureza, integrando a biomimética na gestão de ativos financeiros e criou o Green Transition Scoreboard, índice que media a evolução dos investimentos em energias limpas.
Também inspirou diversos movimentos globais como o Greenpeace, o WordWatch Institute e o Projeto Millennium, iniciativa do Conselho Americano da Universidade das Nações Unidas (UNU), no qual Henderson era conselheira e patrocinadora (Rosa Alegria é representante no Brasil).
O início de sua jornada por uma economia mais equilibrada (social e ambientalmente) aconteceu devido a um problema de saúde de sua filha, provocado pela poluição, nos anos 60, quando lançou a Aliança de Cidadãos pelo Ar Limpo.
Henderson era apaixonada pelo Brasil. Segundo Alegria, ela “acreditava que este era o país irradiador de uma luz planetária” (o que ela diria do país, hoje, afundado em pobreza e devastação?, penso eu).
Ela veio para cá diversas vezes para participar de palestras, convenções, encontros e entrevistas (assista ao Roda Viva do qual participou na TV Cultura, no final deste post). E encontrou na publicitária Cristina Carvalho Pinto a pessoa ideal para dirigir, no Brasil, a plataforma multimídia Mercado Ético, criada para ‘convidar’ as empresas à prática da sustentabilidade.
Quem tiver interesse em conhecer mais sobre a trajetória desta mulher notável, recomendo a leitura dos artigos de Rosa Alegria e de Rodrigo Rocha Loures, publicados no Valor Econômicoe em O Globo, respectivamente, os quais consultei para escrever este texto.
Abaixo, assista à entrevista com Haze Henderson para o programa Roda Viva, da TV Cultura, realizada em 2003. quando a pensadora veio ao Brasil para participar do Fórum Econômico Mundial de Porto Alegre.
E, em seguida, assista à entrevista que ela concedeu à mesma emissora quando lançou o livro Cidadania Planetária – seus Valores, Crenças e Ações podem criar um Mundo Sustentável, no Brasil, em 2011, que é resultado de um diálogo da economista com o filósofo Daisaku Ikeda.
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