O impacto da erupção do vulcão subaquático Hunga-Tonga Hunga-Ha’pai há duas semanas no arquipélago de Tonga, no Pacífico Sul, foi sentido em diversas partes do mundo, inclusive, na costa do Peru. A força da explosão na Oceania, que foi de 10 megatons, ou seja, 500 vezes mais potente do que a bomba nuclear jogada em Hiroshima, provocou a formação de grandes ondas no mar. No litoral peruano, a 10 mil km de distância, um navio da petroleira Repsol, que descarregava petróleo bruto na refinaria de La Pampilla, foi atingido.
Cerca de 6 mil barris de óleo – um milhão de litros – , foram parar no mar, próximo à cidade de Ventanilla, que declarou estado de emergência. Desde então, voluntários de organizações não-governamentais e equipes do Servicio Nacional Forestal y de Fauna Silvestre (SERFOR) estão tentando salvar os animais da região, incluindo aqueles em praias próximas também contaminadas pelo desastre, como Ancón, Santa Rosa, Supe e Chancay.
Até o momento foram resgatadas dezenas de focas e aves marinhas, como gaivotas, atobás e maçaricos, além de pinguins de Humboldt – estes últimos são de uma espécie ameaçada de extinção. Infelizmente, alguns bichos já estavam mortos.
Pinguins mortos na praia atingida pelo vazamento de óleo cru
“A vida selvagem é muito vulnerável e, sendo afetada por este hidrocarboneto, a sua vulnerabilidade é ainda maior. Será necessário ter um cuidado especial para conseguir uma recuperação bem sucedida que permita a sua posterior soltura no seu habitat natural”, afirmou Levin Rojas, diretora executiva do SERFOR.

Há dois dias 41 organizações peruanas vieram a público pedir que o governo exija da companhia Repsol um plano de ação para a contenção do petróleo e que a empresa assuma imediatamente todas as atividades de remediação, contenção e compensação relacionadas ao desastre.
“É necessário que este caso seja atendido com a urgência correspondente. Com o passar dos dias e com o trabalho de limpeza, é provável que a mancha visível no mar desapareça. No entanto, a contaminação por metais pesados continuará presente no fundo do mar e nos seres que o habitam. Por isso, é preciso garantir que um desastre dessa magnitude, gerado pela ação humana, não volte a prejudicar nossa natureza”, alerta a Oceana Peru.
Muitos dos animais resgatados nas praias foram levados para o Parque de las Leyendas, no distrito de San Miguel, em Lima. Lá eles estão sendo limpos, hidratados e medicados. Após o tratamento inicial, serão monitorados de perto para que os veterinários possam checar se não sofrerão distúrbios futuros por causa do óleo.
Veterinárias injetam medicamentos numa ave marinha
Ave com todas a penas sujas de petróleo
Fotos: reprodução Facebook Parque de las Leyendas e Oceana Peru (pinguins mortos e imagem externa de cima)