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60 anos do Xingu: primeira grande terra indígena demarcada no Brasil ganha podcast do IMS

O Parque Indígena do Xingu foi a primeira grande terra indígena demarcada no Brasil e é a mais importante reserva indígena das Américas. Os irmãos Villas-Bôas – Leonardo, Cláudio e Orlando (na foto acima) – foram os principais idealizadores do parque e participaram do grupo – integrado pelo Marechal Rondon, entre outros – que pleiteou ao presidente da República sua criação, que se deu em 1961.

O objetivo era preservar a fauna e a flora ainda intocadas da região, assim como resguardar os povos indigenas que ali viviam e sua cultura.

São dezesseis as etnias que habitam o parque: Aweti, Ikpeng, Kaiabi, Kalapalo, Kamaiurá, Kĩsêdjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Naruvotu, Wauja, Tapayuna, Trumai, Yudja, Yawalapiti. Esses povos têm grande similaridade em seu modo de vida e visão de mundo, mas identidade étnica muito particular e grande variedade linguística.

Para celebrar a história de sua fundação e chamar a atenção para as lutas e os desafios vividos hoje – principalmente com tantos retrocessos e a pandemia -, o Instituto Moreira Salles (IMS) lançou o podcast Xingu: terra marcada, exibido na Rádio Batuta, no Spotify, no Apple Podcasts, entre outras plataformas.

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Fotos e entrevistas

De madrugada, o primeiro banho das mulheres na lagoa, c. 1975
Foto: Maureen Bisilliat/Acervo IMS

Organizado em cinco episódios, o programa parte das imagens do Xingu que integram o acervo do IMS, que abriga arquivos de quatro fotógrafos que estiveram na região a partir da década de 1940: Alice BrillHenri BallotJosé Medeiros e Maureen Bisilliat.

A série também apresenta entrevistas com antropólogos, pesquisadores e líderes indígenas sobre a perspectiva dos povos xinguanos em relação à trajetória do parque e à situação atual dos indígenas no país.

Entre os convidados estão o pensador, autor e ambientalista Ailton Krenak, os líderes Tapi Yawalapiti e Ianukula Kaiabi Suiá, os antropólogos Carlos Fausto e Olympio Serra, o indigenista André Villas-Bôas, a fotógrafa Maureen Bisilliat e a curadora Naine Terena (foto acima).

Ailton Krenak, Maureen Bisilliat, André Villas-Bôas e Naine Terena são
alguns dos convidados do podcast

As entrevistas no Xingu foram realizadas pelos cineastas indígenas Kamikia Kisedje e Takumã Kuikuro, seguindo os protocolos de prevenção da covid-19.

Ameaças, direitos e nova geração

Indígena Camaiurá, 1952 – Foto: José Medeiros/Acervo IMS

A série retrata as lutas dos moradores dessa terra indígena desde a campanha pela demarcação até os dias de hoje, como destaca Guilherme Freitas (editor da revista Serrote), que concebeu, roteirizou e apresenta o programa:

“No momento em que o parque chega aos 60 anos, os povos xinguanos enfrentam uma combinação de ameaças: da covid-19 às queimadas, da devastação provocada pelo agronegócio ao desmonte das políticas indigenistas pelo governo federal. Ainda assim, continuam a ser exemplo de preservação da Amazônia e referência na luta por direitos indígenas”.

Eis os temas dos cinco episódios:
1. A situação atual do parque, dos desafios impostos pela pandemia aos embates políticos com o governo;
2. A história da campanha pela demarcação, que teve início na década de 1940;
3. Reflexão sobre as representações imagéticas dos povos que habitam a reserva, das imagens feitas por fotógrafos brancos às produções de uma nova geração de comunicadores indígenas;
4. Como o parque serviu de modelo para os avanços nas políticas indigenistas da Constituição de 1988; e
5. As novas gerações de líderes xinguanos.

Saiba mais sobre o Parque Indígena do Xingu no site Povos Indígenas do Brasil, do Instituto Socioambiental.

Foto (destaque): Henri Ballot/Acervo IMS (Orlando Villas-Bôas em aldeia de indígenas Juruna, década de 1950)

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