Pithecopus gonzagai. Este é o nome científico da nova espécie de perereca brasileira, descoberta na região do Rio São Francisco, no município de Limoeiro, em Pernambuco, e que faz uma homenagem ao sanfoneiro, cantor e compositor, Luiz Gonzaga, nascido no sertão pernambucano, conhecido em todo o Brasil como o “Rei do Baião” e falecido em 1989, autor de canções inesquecíveis como “Asa Branca”.
A descrição da nova espécie, relatada em artigo científico na publicação European Journal of Taxonomy, contou com o trabalho de pesquisadores de três instituições do país – Unicamp e as Universidades Federais do Paraná (UFPR) e de Uberlândia (UFU).
A descoberta da Pithecopus gonzagai é curiosa. Ela se deve à separação de populações de pererecas na região do Rio Francisco, que já vem sendo estudada há alguns anos.
No ano passado, Daniel Pacheco Bruschi, do Programa de Pós-graduação em Genética da UFPR, publicou um outro estudo mostrando como o Velho Chico tinha se tornado uma barreira de isolamento para certas populações.
De acordo com os cientistas, o Velho Chico teve um papel central na história evolutiva da nova espécie, bem como da sua espécie-irmã a Pithecopus nordestinus. Alterações no seu curso há milhares de anos causaram um isolamento geográfico entre as populações ancestrais.
“Nós combinamos a morfologia com trabalhos de outras ferramentas, como a bioacústica, e com sequências de DNA, para chegar a conclusão de que são espécies distintas”, explicou Bruschi, em entrevista ao site da UFPR.
A nova perereca, que homenageia Luiz Gonzaga, se diferença de outras do mesmo gênero pelo seu tamanho pequeno, menor largura da cabeça e ausência de um padrão reticulado de coloração nos flancos. Ela também apresenta uma menor distância do olho até a narina.
O gênero de rãs neotropicais Pithecopus inclui onze espécies, que ocorrem a leste dos Andes, do sul da Venezuela até o norte da Argentina.
Para celebrar a descoberta da nova espécie, o músico Daniel Gonzaga, neto de Luiz Gonzaga e filho de Gonzaguinha, também já falecido, compôs um baião bem arretado: “Lá vem o Gonzagai!”.
Leia também:
Perereca rara, que além de pular, consegue caminhar, é encontrada em Rondônia
América do Sul abriga mais de 2,5 mil espécies de sapos, rãs e pererecas
Rãs, pererecas e sapos infectados por nanavírus são descobertos na Mata Atlântica
Perereca descoberta no sul da Bahia recebe sobrenome do escritor Jorge Amado
Foto: Rayany Gonçalves/ Divulgação
Se houvesse tempo, essa fofa até que poderia ser uma concorrente do lobo guará na nota de duzentos ou quem sabe, ao lado dele, pra ficar ainda mais famosa, né Pithecopus Gonzagai? (Gonzaguinha para os íntimos, vai).