Com o isolamento social, imprescindível para conter a transmissão da COVID-19, doença provocada pelo coronavírus, o Limbe Wildlife Centre, que fica na região sudeste de Camarões e abriga centenas de gorilas, chimpanzés e outros primatas, deixou de receber visitas e doações. O país registrou mais de 1,6 mil casos da doença, que é o maior surto da África central.
Desde 1993, o centro resgata animais do comércio ilegal de espécies silvestres, oferecendo e é mantido graças à parceria entre o governo camaronês e uma fundação internacional e ao dinheiro obtido com a venda de ingressos e doações. Com a pandemia, a receita foi reduzida pela metade, também porque perdeu o financiamento que advém de doadores norte-americanos e europeus: eles cancelaram suas contribuições assim que entraram em quarentena.
Diante desse cenário, se o parque não conseguir retomar sua receita ou parte dela, nos próximos três meses, poderá fechar suas portas de vez, como alertou Guillaume Le Flohic, gerente, em texto publicado no G1. Isso significa que será difícil não só cuidar dos animais ali protegidos, como também resgatar outros, já que a caça furtiva e esse tipo de comércio não pararam, com a pandemia.
E mais: ao mesmo tempo em que a receita diminuiu, as despesas aumentaram drasticamente devido à necessidade de adotar medidas de biossegurança.
Todas as manhãs, os animais do centro – entre eles Malaika, a primata mandril de 18 anos da foto acima – recebem uma vitamina para proteger seus sistema imunológico de uma possível exposição ao coronavírus. Ela foi resgatada há 15 anos numa operação que impediu que fosse vendida como animal de estimação. Desde então, vive em paz com outras espécies de primatas nesse santuário, que agora está ameaçado.
E não só os animais poderão ser impactados pelas dificuldades que esta pandemia impõe: seus funcionários e famílias, como também as comunidades que vivem no entorno do santuário, correm o risco de perder a única opção de renda.
Campanha de financiamento coletivo
Para driblar as dificuldades, o Centro de Vida Selvagem de Limbe criou uma campanha de financiamento coletivo, na plataforma GoFundMe, para pedir 40 mil dólares. Até hoje, 6/5, foram arrecadados pouco mais de 2 mil dólares, com 39 doadores.
O dinheiro será investido na alimentação os animais, cuidados médicos e para sustentar projetos ativos e pagar a equipe que, agora, mesmo com tantas restrições, tem trabalhado ainda mais.
No Dia do Trabalho, 1/5, os funcionários fizeram um apelo no perfil do santuário no Instagram: “Não se esqueça de que você pode apoiar nosso trabalho de proteção e cuidado com os 455 animais resgatados, durante esta crise”, e indicaram o link do crowdfunding. Veja abaixo.
Se você não pode ajudar – são muitas as urgências em nosso país, principalmente para salvar a vida das pessoas, incluindo os povos indígenas, extremamente vulneráveis -, espalhe este link para as pessoas que, acredita, podem se interessar e têm condições de ajudar.
Claro que o Limbe Wildlife Centre não é o único santuário que está passando por dificuldades financeiras. A escassez de receita, provocada pela ausência do turismo e a retirada de doações estrangeiras, tem colocado em risco reservas e outros institutos de conservação em toda a África. E, assim, torna ainda mais vulneráveis os esforços empreendidos para a proteção dos animais mais ameaçados do continente pelos caçadores clandestinos e pela perda de habitat.
Agora, assista à reportagem (em inglês) realizada pela Reuters sobre a situação do Limbe Wildlife Centre: