O histórico de protagonismo do Brasil em diversos temas, como biodiversidade e mudanças climáticas, tem sido abandonado desde que Bolsonaro assumiu o governo. E, agora, sua posição irresponsável frente ao combate à COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus e que tem mobilizado todos os países em todos os continentes, registra a primeira resposta mundial. Em 24/4, sexta-feira passada, em videoconferência, alguns dos principais líderes mundiais, comprometidos na luta contra a pandemia, se uniram a OMS – Organização Mundial de Saúde para criar uma aliança que visa acelerar a produção e distribuição de medicamentos, testes e vacinas e compartilhá-los em todo o mundo, e o Brasil não foi incluído.
A intenção é garantir, em tempo recorde, o desenvolvimento de uma vacina, com um fundo de mais de R$ 45 bilhões. Também foi lançado um fundo de US$ 8 bilhões para financiar a distribuição de remédios e toda e qualquer resposta contra a doença, como o fortalecimento dos sistemas públicos, por exemplo.
No encontro coordenado por Tedros Adhanom Ghebreyesusda, diretor-geral da OMS, e liderado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, ainda foi firmado o compromisso de que qualquer vacina ou tratamento criado será alvo de um esforço internacional para ser disponibilizado a todos os países. Macron fez apelo pelo desenvolvimento de uma vacina “acessível em todos os lugares, inclusive nos países mais vulneráveis. É também isso que nos permitirá retornar à vida normal o mais rápido possível”.
(vale destacar, aqui, que “voltar ao normal” a gente já sabe que não deve mais – porque foi esse normal que nos trouxe a este caos -, mas esta é uma conversa que fica para outra hora)
O Brasil já liderou o acesso a medicamentos, mas não foi convidado a participar do encontro. Segundo Jamil Chade, colunista do UOL especializado em política internacional, este é um sinal da irrelevância da diplomacia nacional, liderada por Ernesto Araújo.
Além de Macron, participaram Angela Merkel, chanceler alemã, além dos chefes de governo italiano, Giuseppe Conte, e espanhol, Pedro Sanchez, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Melinda Gates, da Fundação Bill e Melinda Gates, também esteve presente. Os Estados Unidos e a China não aderiram ao encontro.
Von der Leyen ressaltou que um dos objetivos do grupo é arrecadar 7,5 bilhões de euros (US $ 8,10 bilhões), no início de maio, para acelerar o trabalho de prevenção, diagnóstico e tratamento. E Tedros Adhanom destacou: “O mundo precisa dessas ferramentas e precisa delas rapidamente. Estamos enfrentando uma ameaça comum que só podemos derrotar com uma abordagem comum”.
António Guterres, secretário-geral da ONU, também participou da cúpula fez um alerta: para vencermos a pandemia é necessário “o maior esforço de saúde pública da história”. E ressaltou a urgência de incluir o mundo todo como beneficiário desta força-tarefa: “O mundo precisa desenvolver, produzir e garantir uma distribuição equitativa” de vacinas e tratamentos quando disponíveis, “não de uma vacina ou tratamento para um país ou região ou metade do mundo – mas uma vacina e tratamento acessíveis, seguros, eficazes, fáceis de administrar e universalmente disponíveis – para todos, em qualquer lugar”.
Os países pobres não têm condições de competir com os ricos na aquisição de estoques de qualquer item (vacinas, testes medicamentos etc). Só lembrar o que fizeram os EUA ao desviar avião chinês que pousou em Miami para abastecer e seguir para a Bahia para entregar os equipamentos comprados pelo governo. Ofereceu mais, levou. E mais: no meio deste mês, Donald Trump criticou a OMS por demorar a reagir à epidemia e anunciou a suspensão do financiamento à organização.
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