A Phyllomedusa camba não é uma perereca comum. A espécie, que pode ser encontrada em regiões da Bolívia, Peru e Brasil, é de um verde bastante vibrante. Todavia, o que é mais peculiar nesse anfíbio é a disposição dos dedos de suas patas.
“Este é um animal exótico, que possui dedos de ‘polegar’ opositores aos outros, o que a permite caminhar, em vez de apenas pular. Além disso, essa característica favorece a rã a agarrar melhor nas folhas e galhos pelas quais se desloca, o que fez ela e outras espécies semelhantes ganharem o nome coloquial de ‘Perereca-macaco’”, explica Marcela Almeida, secretária municipal de Meio Ambiente de Vilhena, em Rondônia.
A perereca foi capturada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que em conjunto com professores e estudantes de biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifro) e a parceria da Secretaria de Vilhena, fazem parte do projeto “Anfíbios do Sul de Rondônia”, que tem como objetivo catalogar as espécies da região.
“Estudar os anfíbios da região é fundamental, pois muitas espécies aqui não são conhecidas ou não foram registradas ainda no Cone Sul. Como vivemos em uma zona ecótona, de transição da Floresta Amazônica e do Cerrado, há a possibilidade de encontrarmos espécies novas que já podem estar em perigo de extinção”, avalia Gabriele Bersch, estudante que acompanhou a expedição.
A perereca-macaco, que além de pular, caminha
O estudo das espécies pode ajudar também no controle de doenças entre os seres humanos. É o caso, por exemplo, da contribuição dos anuros, animais anfíbios que não possuem cauda como rãs, sapos e pererecas.
“Os anuros comem em média mil insetos por dia. Isso ajuda a reduzir a população de insetos transmissores de doenças. Além disso, como eles são muitos sensíveis à mudanças de temperatura, umidade e pluviometria, são ainda bioindicadores da preservação ambiental, ou seja, por meio da presença ou ausência desses animais, conseguimos medir a degradação ou não de um determinado local”, destaca o biólogo Thiago Baldine.
Em setembro, os pesquisadores do projeto já tinham observado outro anfíbio curioso: uma perereca fluorescente. “É um bicho que não é tão difícil de achar. Foi descoberto há pouco tempo que, quando a gente coloca uma luz ultravioleta, ele brilha. E isso é interessante porque faz com que esses animais consigam um sucesso reprodutivo maior”, disse Baldine, ao portal G1 Rondônia.
A perereca ‘fluorescente’ fará parte do catálogo
de anfíbios do sul de Rondônia
*Com informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vilhena
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Fotos: Thiago Baldine/arquivo pessoal
É Mínima. Impressionante cada dia uma descoberta de bichos e insetos.