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Imagens de elefanta idosa, raquítica e maltratada em festival budista no Sri Lanka comovem o mundo, e governo inicia investigação

Tikiri não é a única vitima de abuso em festivais budistas no Sri Lanka, mas talvez seja a mais idosa – tem 70 anos – e a que apresenta as condições físicas mais deploráveis. Sua extrema magreza foi revelada em fotos nas redes sociais, feitas por turistas que estiveram no último Esala Perahera Festival, realizado na cidade de Kandy, e se indignaram com seu estado e com os maus tratos. Alguns pediram para que os organizadores a libertassem e foram ouvidos: Tikiri não participou da última apresentação.

Ao tomar conhecimento da polêmica, o ministro do turismo do Sri Lanka, John Amaratunga, divulgou nota à Agência France-Presse (AFP) em que afirma ter solicitado investigação para averiguar por que isso ocorreu com Tikiri. E mais: disse que oficiais já estavam instruídos para garantir que tratamento tão cruel não ocorra novamente com ela, nem com os mais de 200 elefantes que participam de festivais em templos budistas pelo país.

A ONG Save Elephant Foundation (SEF) também publicou posts a respeito de Tikiri e contou sobre sua rotina e a de todos os elefantes que participam desses festivais. Um dos posts é um vídeo com cenas chocantes dos maus tratos à Tikiri.

Como acontece todos os anos, centenas de elefantes são transportados para os templos para participar de desfiles durante o festival, que dura dez dias e dez noites. No final da tarde, os animais tomam banho e são vestidos e enfeitados – o que já é bastante estressante – para seguir para a caminhada exaustiva durante a noite, acorrentados.

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Eles caminham vagarosamente, quase arrastados. Se estressam com tanto barulho, fumaça e lâmpadas que iluminam as túnicas. Seus olhos ardem com elas e os elefantes choram. Os adornos em suas cabeças deixam apenas olhos, tromba e chifres à mostra. É visível o cansaço porque bocejam com freqüência. Ao lado de cada elefante, segue um homem com uma lança para espetá-lo e amedrontá-lo.

Quando o desfile termina, continuam acorrentados e são colocados em local acessível aos turistas para que estes tirem fotos e possam tocar neles. Sem sossego, no calor e no barulho provocado por fogos de artifício, quase não descansam. No dia seguinte, a rotina se repete e, entre uma atividade e outra, apanham, são chicoteados ou machucados com as correntes.

Fracos e cansados, os elefantes caminham quilômetros todas as noites “para que as pessoas se sintam abençoadas na cerimônia”, explicou a SEF no Instagram. “Durante os desfiles, ninguém vê seu corpo ossudo, sua fraqueza, nem seu sofrimento – expressões faciais e choro – por causa da fantasia”. 

Mas que benção é essa que precisa do sacrifício e do sofrimento desses animais? A questão é que o que acontece, hoje, com os elefantes nessas celebrações não segue o que determina a cultura budista: eles devem ser cultuados e tratados com respeito porque são o símbolo da encarnação de Buda!

“Os elefantes sofrem”, se indigna a SEF nas redes sociais. “Como uma cerimônia pode conceder mérito e bênção quando o caminho do amor, bondade e compaixão não está presente? Devemos seguir os ensinamentos do Buda, para não levar outras vidas a sofrerem em benefício pessoal”, completa a ONG, que publicou o post abaixo em seu Instagram para que seja uma voz pela causa desses elefantes, sacrificados por uma crença. “O elefante é uma das principais atrações turísticas no Sri Lanka. Eles são um tesouro nacional deste belo país. Esperamos que o governo do Sri Lanka considere fortemente sua proteção”.

Pesquisei o Esala Perahera Festival, e encontrei inúmeras imagens da cerimônia em que aparecem elefantes. Pensei muito em Tikiri. As que reproduzo aqui, no meio do texto e no final, estavam publicadas no TripAdvisor, que é o maior site de viagens do mundo e reúne informações e opiniões de conteúdos relacionados ao turismo. Pois bem… em outubro de 2016, noticiamos, aqui no Conexão Planeta, a decisão do site de não vender ou divulgar viagens que envolvessem o contato com animais. Mas o festival continua sendo divulgado lá. Em uma de suas páginas, há o depoimento de um usuário do site declarando a exploração visível dos animais nesse festival e pedindo aos demais usuários que evitem essa viagem.

Seria interessante também que o país encontrasse outra forma de garantir a presença do elefante nessa cerimônia, sem sofrimento. Uma delas seria substituir os elefantes por carros alegóricos no seu formato e tamanho.

Enquanto pesquisava o tema, também descobri que uma petição online foi organizada com a intenção de ajudar a salvar Tikiri, e que ela já tinha arrecadado 35 mil assinaturas. No entanto, não consegui acessá-la: vi links suspeitos e, por isso, não a divulgo aqui. Se alguém encontrar um link correto e seguro, é só comentar neste post ou em nossas redes sociais. Qualquer informação adicional sobre o caso também.

Foto: Divulgação/Save Elephant Foundation e TripAdvisor

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Ana maria Agra
1 ano atrás

Estou chocada com esses festivais Budistas!? Olha que sou Budista, nunca imaginei isso.

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