A artista de natureza selvagem e fotógrafa amadora Laurie Wolf têm várias casas de pássaros (ou caixas de nidificação) no jardim de sua casa, na cidade de Júpiter, na Flórida. Em abril, passeando por elas para observar seus ilustres moradores, notou que uma fêmea da espécie Pato de Madeira (também conhecido como Pato de Carolina) levava um de seus ovos para fora da casa onde estava instalada. E voou para outra, que ainda não estava habitada. “Acreditamos que a fêmea moveu o ovo porque o ninho havia sido invadido; vimos cascas de ovo no fundo do pinheiro onde fica a caixa”, explicou.
Dias depois, Laurie viu uma coruja oriental se instalar em seu jardim de nidificação. Passado cerca de um mês e ela notou que a coruja não estava sozinha, porque barulhos vinham de dentro da caixa. Chegou a pensar que poderia ser um filhote da coruja, mas não! Assim que o pequenino ser surgiu, ela notou que se tratava de um patinho lindo, amarelo e preto, da espécie Pato de Madeira. A mesma da fêmea que havia tirado o ovo de sua casa, um tempo antes.
A cena era tão singela e inusitada, que Laurie foi buscar sua câmera fotográfica para registrá-la. Percebe-se a fofura desse momento pelas fotos que ilustram este post. “Os dois estavam sentados lado a lado! Não é crível. Não é acreditável para mim até hoje”, celebra
Mas ela logo ficou preocupada com o destino do patinho. Afinal, a coruja é predadora e poderia comê-lo, a qualquer momento. Consultou um ornitólogo da região, que confirmou sua suspeita. Procurou, então, um santuário de vida selvagem próximo à sua casa para denunciar a possível tragédia. Os pesquisadores se comprometeram a cuidar dele, desde que Laurie o levasse até lá.
Mas sua tentativa de salvar o patinho fracassou. Quando tentou tirá-lo do ninho, ele voou para uma lagoa próxima de sua casa e ela nunca mais o avistou.
E aqui vale destacar uma curiosidade: os machos da espécie patos de madeira não deixam todos os ovos no mesmo ninho, colocando alguns nos ninhos de outras aves, da mesma espécie ou não. Por isso, são considerados parasitas ninhais. É o que deve ter acontecido neste caso.
E mais: há registros científicos da convivência pacífica entre patos de madeira e corujas do leste americano. “Não é comumente documentado, mas acontece”, contou para a National Geographic o diretor da Bird Studies Canada, em Manitoba, Christian Artuso.
Em 2005, o pesquisador presenciou uma situação como esta, enquanto estudava corujas-do-leste para seu curso de doutorado, e publicou a descoberta, em 2007, no Wilson Journal of Ornithology. Uma coruja fêmea foi capaz de incubar e chocar três filhotes de pato de madeira.
Sorte nossa que uma coruja e um patinho de madeira se encontraram no quintal de Laurie, e que ela registrou estas cenas tão singelas. Pena que o filhote fugiu. Nunca saberemos qual foi seu destino. Teria ficado a salvo na companhia da coruja?
Fontes: Bored Panda, National Geographic, Facebook
Fotos: Laurie Wolf