Há duas semanas, entre os dias 15 e 19 de março, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e membros de sua equipe, estiveram presentes na Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA), que ocorreu em Nairóbi, no Quênia.
O encontro é um dos frutos da Rio+20, conferência da ONU, realizada no Brasil, em 2012 (época em que o país ainda demonstrava maior interesse e esforço em combater as mudanças climáticas e proteger suas florestas e biodiversidade).
A impresa nacional deu algumas poucas notícias sobre a presença do ministro brasileiro no encontro da África. Mas algo extremamente importante passou despercebido nas manchetes dos principais jornais brasileiros (com exceção de pequena nota do Valor Econômico)
O objetivo principal da UNEA-4, assembleia que tinha como tema “Soluções inovadoras para desafios ambientais e consumo e produção sustentáveis“, era a aprovação de resoluções pelos representantes de 179 países, entre eles cinco presidentes (Emmanuel Macron, da França estava lá) e 157 ministros do meio ambiente).
Ao final do encontro, 23 delas foram aprovadas, mas duas foram rejeitadas: uma delas pelo Brasil, que envolvia a questão do desmatamento, associado com a agropecuária. Era de consenso geral que é preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa para frear o aquecimento global e para isso, é muito importante manter as florestas de pé, que absorvem naturalmente o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera.
O bloco liderado pela União Europeia apresentou a proposta de um compromisso de desmatamento zero para todos os países. O Brasil não concordou e sugeriu que concordaria com “desmatamento ilegal zero”. Os demais participantes não concordaram e a proposta foi engavetada.
“O Brasil não concorda com o tom alarmante às vezes usado para criticar a produção agrícola dos países em desenvolvimento”, afirmou Ricardo Salles. “A agricultura brasileira mostrou que é possível obter ganhos de produtividade em plena conformidade com os compromissos de desenvolvimento sustentável. Acreditamos que a promoção da agricultura sustentável é um meio eficaz de prevenir o desmatamento ilegal”.
De acordo com matéria publicada pela agência internacional EFE, Salles também teria dito que o Brasil não poderia assinar o compromisso porque “iria contra a legislação nacional que permite um volume de extração de madeira muito maior do que em outros países”.
Sobre isso, não há dúvida. Hoje mesmo noticiamos que a Amazônia perdeu “um Equador” de florestas nos últimos 17 anos,e no ano passado, um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicou que o desmatamento na Amazônia foi o pior da última década: 1,18 bilhão de árvores foram derrubadas em um ano!
Na semana passada, também publicamos aqui no Conexão Planeta, um texto do Observatório do Clima que mostra exatamente como não é preciso desmatar mais para produzir alimentos em nosso país.
O Brasil país têm mais áreas destinadas à agropecuária (245 milhões de hectares) do que áreas protegidas (216 milhões de hectares), ou seja, espaço de sobra para proteger o clima, conservar sua biodiversidade e comunidades, e ainda pode se tornar o maior produtor de alimentos, fibras e bioenergia do mundo.
A animação abaixo comprova, com números e informações confiáveis, a verdade e não o que pessoas com influência nas políticas ambientais federais têm espalhado: mentiras que dizem que o Brasil protege tanto suas florestas que ficou inviável expandir a produção de alimentos.
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Foto: domínio público/pixabay