Geralmente pensamos que os vertebrados vivem tanto quanto nós, ou seja, entre 50 e 100 anos. Mas espécies marinhas podem sobreviver muito mais, todavia, determinar sua idade exata pode ser uma tarefa bastante difícil.
O texto acima é a abertura de um artigo científico publicado na revista Science por uma equipe de pesquisadores internacionais. Em seu estudo, os cientistas tentaram determinar a idade dos tubarões da Groenlândia, através de um método que analisa a presença do carbono 14 nos olhos desses animais.
Para quem não sabe, este elemento químico, um “isótopo radioativo”, é assimilado por todos os organismos vegetais e animais da Terra. A concentração de carbono 14 em um determinado objeto permite que seja possível identificar sua idade.
O tubarão da Groenlândia (Somniosus microcephalus) é uma espécie símbolo do Oceano Ártico. Entretanto, pouco se sabe sobre ele, já que vive em águas muito profundas, com temperatura negativa. Sabe-se apenas que ele cresce poucos centímetros por ano, pois tem o metabolismo muito lento. Pode chegar a pesar quase uma tonelada e a medir até 7 metros, quase o mesmo do que um tubarão branco.
Ao estudar o cristalino dos olhos de 28 fêmeas dos tubarões da Groenlândia, a pesquisa publicada na Science revelou que elas tinham, em média, 272 anos. Todavia, na maior delas, a análise apontou que sua idade deveria beirar os 400 anos, mais precisamente 392 anos. Ou seja, ele nasceu por volta de 1.600.
“Nossos resultados indicam que o tubarão da Groenlândia é o animal mais longevo conhecido até hoje e por isso, precisamos nos preocupar com sua conservação”, alerta o estudo.
O tubarão da Groenlândia vive no Oceano Ártico
Segundo o principal autor do artigo, Julius Nielsen, da Universidade de Copenhague, o Somniosus microcephalus está entre os maiores tubarões carnívoros do planeta e seu papel como predador no ecossistema ártico é muitas vezes menosprezado. “Milhares desses tubarões são mortos acidentalmente no Atlântico Norte e espero que nossos estudos ajudem a preservá-los no futuro”.
Outra curiosidade sobre o tubarão da Groenlândia é que geralmente ele carrega um parasita que se alimenta do tecido de seu olho, que acaba o deixando cego. No entanto, animais que habitam a escuridão do fundo do mar raramente precisam da visão, eles se utilizam de outros sentidos para se guiar, sobretudo, a audição e o olfato.
Foto: Julius Nielsen/University of Copenhagen