Guerras, violência e perseguições fizeram com que um número recorde de refugiados deixasse para trás familiares, amigos, empregos e suas casas no ano passado.
Hoje (19/06), a terça-feira que antecede o Dia Mundial dos Refugiados, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) divulgou um novo relatório global com números que refletem a situação desesperadora que milhões de pessoas enfrentam pelo mundo.
Segundo o levantamento “Global Trends ”, 68,5 milhões de homens, mulheres e crianças abandonaram seus lares em 2017. Este é um recorde histórico, que aponta que, a cada dois segundos uma pessoa foi obrigada a migrar para outro lugar, ou seja, 44.400 por dia. As populações dos países em desenvolvimento foram as mais afetadas. São famílias extremamente pobres e que não recebem ajuda alguma de seus governos.
Deste total dos 68,5 milhões , 40 milhões são os chamados “displaced people”, pessoas que não saem de seus países. Outros 3,1 são aqueles que buscam asilo e 25,4 milhões refugiados – 2,9 milhões a mais que em 2016.
Um dos dados mais chocantes apresentados é que, atualmente, 52% dos refugiados globais são crianças, menores de 18 anos. Nesta travessia, na procura por um novo lar, muitos deles acabam ficando órfãos.
Entre os países que mais registraram o chamado “displacement” estão Congo, Sudão do Sul e Myanmar, este último devido à perseguição de milhares de pessoas da etnia Rohingya, que tentaram buscar proteção e salvar suas vidas migrando para Bangladesh.
“Andamos durante dez dias e depois cruzamos um rio com um barco. Foi uma viagem exaustiva. Não tinhamos comida. Uma vez ou outra comíamos o que encontrávamos: ervas, sementes ou folhas de árvores”, relatou Mutaybatu, uma senhora de 55 anos.
68% dos refugiados globais são originários de cinco países: Síria (6,3 milhões), Afeganistão (2,6 milhões), Sudão do Sul (2,4 milhões), Myanmar (1,2 milhão) e Somália (986 mil).
A Turquia continua sendo o país que, de longe, abriga o maior número de refugiados, sobretudo, vindos da Síria. Mas, na comparação com o tamanho de sua população, o Líbano se torna a nação que mais recebe exilados.
“Ninguém escolhe se tornar um refugiado. Mas o resto de nós pode escolher ajudá-los”, ressalta Filippo Grandi, Alto-Comissário da ONU para Refugiados.
Foto: ©UNHCR/Patrick Brown