Muito pequenino – com cerca de dois meses -, filhote de peixe-boi foi resgatado pela equipe do Instituto Mamirauá* na Reserva Amanã, que fica há cerca de 600 km de Manaus, após ser encontrado por pescador nas proximidades da comunidade Monte Sião.
Os pesquisadores e técnicos do instituto não confirmaram porque o filhote se encontrava em situação tão vulnerável, sozinho, mas, em geral, o motivo é a morte da mãe, caçada, muitas vezes, por pessoas das próprias comunidades da região. E isso acontece mesmo numa reserva, que é área de proteção ambiental, e com o trabalho intenso de educação ambiental realizado pelo Mamirauá nas comunidades por meio de cursos e oficinas.
E isso tem acontecido com certa frequência. Na semana passada, outros filhotes foram encontrados abandonados em Itacoatiara (filhote tinha um mês de vida) e Urucará, municípios ainda mais próximos da capital do Amazonas.
Volta à natureza
Depois de dez dias de convivência, o pequeno filhote foi batizado de Tuxauazinho Sião,graças à sua personalidade forte (tuxaua é uma espécie de cacique ou líder) e em homenagem à comunidade. Recebeu os primeiros cuidados da equipe que integra o Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (Mamaq) do instituto, especializada em estudos sobre ecologia e iniciativas de conservação dessa espécie.
Esse grupo é formado, geralmente, por biólogos especializados em conservação de peixes-boi – como a pesquisadora Hilda Chavez, que liderou o resgate (foto abaixo, à esquerda) -, oceanógrafos e técnicos de campo como Antonio Pinto (foto abaixo) que vive na comunidade de Monte Sião. Além de deter rica sabedoria popular, Antonio Peixe-Boi, como é chamado na região, conhece muito a espécie. E, neste caso, a equipe ainda contou com a veterinária Paula Araújo (na foto com Hilda), que não faz parte do grupo, mas se juntou a ele por conta de seu conhecimento sobre peixes-boi.
Tuxauazinho mede 84 centímetros e pesa cerca de dez quilos e meio e, após alguns dias recebendo atendimento e alimentação, começou a circular pelo espaço com desenvoltura. Ele não estava machucado, mas parecia um pouco desorientado, certamente por desconhecer o ambiente para o qual foi levado.
“Passados alguns dias com a equipe, o filhote passou a se movimentar mais, a brincar e a comer as plantas. Além de aceitar a amamentação, ele já está comendo plantas muito bem. Foi bem interessante como ele evoluiu nesse período”, conta Hilda.
Ao fim de dez dias de atenção e cuidados, no último sábado (9/6), o filhote de peixe-boi foi transportado para Manaus, sob a supervisão dos técnicos do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). Um colchão e toalhas úmidas fizeram parte do equipamento que garantiu que o corpo de Tuxauazinho se mantivesse resfriado.
Ao chegar na capital amazonense, ele foi levado para a sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), onde está sendo acompanhado por especialistas até se recuperar por completo e poder ser reintroduzidos na natureza, em seu habitat natural.
Agora, assista a um dos momentos em que o filhote foi alimentado pelos pesquisadores, no vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=6Xq78vuU4FA
*O Instituto Mamirauá é uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). E suas pesquisas e atividades de conservação do peixe-boi amazônico são realizadas com apoio e financiamento da Fundação Grupo Boticário.
Fotos: João Cunha (destaque, pesquisadoras, peixe-boi mamando), Hilda Chávez (o técnico Antonio Pinto recebendo o filhote) e Marco Paim (filhote nadando)