O pelicano solitário olha o horizonte. No lugar da bolsa abaixo de seu bico, está um saco de lixo preto. Uma tartaruga nada no oceano, mas em vez de ter uma das nadadeiras, ela usa um pé de pato velho e sujo. Um tubarão busca alimento no fundo do mar, mas sua barbatana é uma quilha de uma prancha de surfe.
Todas as cenas fazem parte das peças publicitárias da agência capixaba Avalanche Vitória, criadas para a marca de roupas e acessórios Origens, também do Espírito Santo. A campanha com o slogan “A natureza não pode se adaptar a tudo” quer chamar a atenção das pessoas sobre o cenário de devastação e poluição que tem tomado conta do planeta.
Devido à criatividade e ao impacto das peças, a campanha foi selecionada para participar da ACT Responsible Expo, que acontece no 65º Cannes Creativity Festival, entre 18 e 22 de junho, na França.
O festival de Cannes Lion é considerado um Oscar do mundo da propaganda e reúne as melhores campanhas globais.
A exposição na qual as peças brasileiras serão expostas celebra o papel e o impacto da indústria publicitária em questões cruciais como a luta contra a pobreza e exclusão, prevenção de doenças, combate contra o aquecimento global, a defesa dos direitos humanos e a proteção da biodiversidade.
“Quisemos passar a ideia de que ações humanas negativas interferem diretamente no meio ambiente e que, muitas vezes em função delas, algumas espécies podem não resistir”, revela Ricardo Montenegro, diretor de criação responsável pelas peças.
“A natureza não pode se adaptar a tudo” é o slogan da campanha
A Origens tem uma longa história de comprometimento com a causa ambiental. Sua ideia é promover, através da moda, o resgate de nossas raízes e a reconexão com a natureza.
Em 2016, com o objetivo de arrecadar recursos para as famílias atingidas pelo desastre de Mariana, com o rompimento da barragem de minério da Samarco, a marca desenvolveu uma estampa para uma camiseta, chamada “Rio Doce”. A ação tinha o objetivo também de conscientizar as pessoas sobre a preservação do meio ambiente.
Agora, em 2018, foi lançada uma coleção inspirada na música “Águas de Março”, de Tom Jobim, e também, nas águas capixabas. O dinheiro arrecadado com a venda das peças será destinado ao Instituto BioAtlântica, responsável pela recuperação das nascentes e da vegetação nativa da Bacia do Rio Doce, e a OSCIP Voz da Natureza, que realiza pesquisas inéditas sobre o que pode ser uma das maiores cordilheiras submersas do Atlântico e do mundo, localizada entre Vitória e a Ilha da Trindade.
Uma das peças publicitárias selecionada para exposição na França
Fotos: divulgação
O Planeta que eu quero para o futuro é o oposto desse, mas talvez não dê tempo.
Pq não vai dar tempo?
Muito legal a iniciativa da campanha, precisa haver um engajamento de empresas e pessoas em prol do nosso planeta