O Comitê de Proteção Ambiental Marinha da IMO (Organização Marítima Internacional) aprovou nesta sexta-feira, 13/4, em Londres, o primeiro acordo mundial para reduzir emissões de gases de efeito estufa da navegação internacional. Embora bem menos ambicioso do que o necessário, o resultado é um passo positivo no sentido de cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5oC neste século.
A decisão anunciada pela IMO conclama os países-membros da organização a desenvolver estratégias para reduzir as emissões do setor em 50% até 2050. Mas deixa aberta a porta para a descarbonização total, ao falar em “fazer esforços” para descarbonizar.
Países-ilhas demandavam uma redução de 70% a 100% nas emissões da navegação até 2050 – o que estaria alinhado com a visão do Acordo de Paris de tornar o mundo neutro em carbono na segunda metade do século.
A navegação mundial ficou de fora do Acordo de Paris, mas é fundamental para cumprirmos suas metas, já que responde por 2% a 3% das emissões globais.
“A decisão de hoje manda um forte sinal para a indústria da navegação e para os fornecedores de combustíveis de que eles precisam ampliar os investimentos em novas tecnologias e colocá-las no mercado, incluindo combustíveis alternativos e novos sistemas de propulsão”, disse Mark Lutes, conselheiro-sênior de política climática global do WWF.
O Brasil, que se opunha a qualquer meta quantitativa de corte de emissões alegando prejuízos ao comércio, foi derrotado e expressou reserva quanto ao acordo. Mas não conseguiu bloquear a decisão final.
Na última quarta-feira, 11/4, o Observatório do Clima (OC) enviou carta ao governo criticando a oposição brasileira ao acordo e pedindo que o país apoiasse a descarbonização total do setor.
“A atuação do Brasil foi incoerente com todas as posições que o país tem adotado nas negociações de clima. Felizmente o bom senso prevaleceu na comunidade internacional”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do OC. “Mesmo sendo insuficiente, o resultado da IMO é um primeiro passo no sentido de adequar um setor crucial para a economia global e para a segurança climática da humanidade”.
Este texto foi publicado em 13/4 no site do Observatório do Clima
Foto: Yolanda Sun/Unsplash