Três fundos internacionais (Ford, Open Society e Kellog) e um brasileiro (Ibirapitanga) se uniram para incentivar – com doação de US$ 10 milhões – a criação de um projeto que ajude a ampliar a participação e a voz das mulheres negras em nosso país, principalmente seu acesso à política.
A iniciativa será implementada pelo Fundo Baobá, criado em 2011 e dedicado à equidade racial, que tem a parceria da Fundação Kellogg. Esta aporta recursos a medida que o fundo obtém apoio de outras organizações, ou seja, pratica matching funds. Neste caso, esse sistema é de 2 para 1 para o investimento internacional e de 3 pra 1 para o investimento nacional. Por isso, o total do investimento dos três fundos – chegará a US$ 10 milhões.
O lançamento do projeto aconteceu em 6/4, durante o 10o. Congresso Gife (evento que reúne alguns dos maiores e mais representativos investidores sociais do país), com a presença de um representante de cada instituição envolvida, e homenageia a vereadora Marielle Franco, assassinada no mês passado, no Rio de Janeiro, adotando seu nome.
“Marielle representava a possibilidade de uma mulher negra, da favela, bissexual chegar em espaços de poder”, ressaltou Pedro Abramovay, diretor da Open Society Foundations para a América Latina, na ocasião. “Seu assassinato brutal foi uma tentativa de dizer que essa possibilidade não existe. É fundamental que anunciemos para o mundo que o Brasil produzirá novas Marielles. Que mulheres negras das periferias ocuparão espaços de poder e que esse caminho não tem volta”.
Átila Roque, diretor da Fundação Ford no Brasil, acrescentou: “Esta iniciativa explicita a urgência em fortalecer o papel das mulheres negras na sociedade brasileira. Marielle incorporava não apenas as transformações que desejamos, mas também aqueles que acreditamos terem condições para realizá-las”.
Já Andre Degenszajn, diretor presidente do Instituto Ibirapitanga, por sua vez, destacou a importância de chamar a atenção dos filantropos para a realidade do país: “Queremos dar um sinal para a filantropia brasileira de que é importante e necessário apoiar as pessoas que são a ponta mais frágil e, ao mesmo tempo, mais potente da nossa sociedade, e que estão no centro das principais transformações que precisamos realizar”.
Que esta seja a primeira de muitas iniciativas em prol não só das mulheres negras, mas de todas as mulheres e de todos os brasileiros que não têm seus direitos respeitados!
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Foto: Renan Olaz, Câmara de Vereadores do Rio /Divulgação