Há inúmeras espécies de anfíbios na Terra: são cerca de seis mil, na verdade, e mil estão no Brasil! Segundo o ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é aqui, também, que se encontra a maior diversidade de sapos e pererecas. E novas descobertas são feitas todos os anos, aumentando ainda mais o conhecimento sobre a fauna brasileira.
Em junho do ano passado, contamos aqui, no Conexão Planeta, sobre a descoberta de novas espécies de anfíbios no sul da Bahia. E, hoje, voltamos ao tema pra contar uma novidade: uma dessas espécies de perereca recebeu o sobrenome de Jorge Amado – Phyllodytes amadoi – em homenagem ao escritor baiano, que tinha apreço especial por anfíbios.
“Fizemos a homenagem principalmente pelo grande carinho que ele tinha por esses animais. Quem visitar o Memorial Jorge Amado, em Salvador, irá encontrar vários objetos relacionados a anfíbios que ele colecionava e que serviram de inspiração para nós”, conta o pesquisador e responsável técnico do projeto, Mirco Solé.
Com apenas 2cm de comprimento, essa perereca é considerada pequena se comparada a outras espécies do mesmo gênero (Phyllodytes). Mas o que chamou a atenção dos cientistas durante a pesquisa – que vinha sendo realizada desde 2015 pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – foi seu canto mais agudo.
Além de seu tamanho pequeno e do canto muito característico, Phyllodytes amadoi tem outras particularidades interessantes: focinho arredondado e uma listra que vai dos olhos aos flancos.
Essa perereca baiana vive no meio das bromélias, planta abundante na região onde foi feita a descoberta e muito propícia à reprodução dessa espécie, já que é capaz de guardar água da chuva. Mas, como já contamos em junho do ano passado, esta não é a primeira espécie de perereca de bromélia encontrada pela equipe do professor Solé.
Eles identificaram outras três na mesma região, entre elas a Phyllodytes megatympanum, na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ararauna, no município de Una. No ano passado, a descoberta dessa espécie foi divulgada na revista científica neozelandesa Zootaxa, “a mais importante do mundo na descrição de novas espécies”, destaca Solé.
Malu Nunes, diretora executiva da Fundação, comemora: “Sabemos o quanto nossa natureza encontra-se ameaçada por diversos fatores. Por isso, cada descoberta como essa nos incentiva a apoiar projetos e nos dá a certeza de estarmos no caminho certo da conservação da natureza”.
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