O ano começou muito bem para as mulheres islandesas. No dia 1º. de janeiro, a Islândia tornou-se o primeiro país, no mundo, a garantir a igualdade de salários entre homens e mulheres.
O Projeto de Lei divulgado no ano passado pelo governo (como contamos aqui, no Conexão Planeta) – e que ainda precisava ser votado -, agora é lei! E tanto empresas privadas como agências públicas – com mais de 25 funcionários – serão obrigadas, ainda este ano, a obter certificado do governo, atestando a prática de igualdade em suas remunerações. Sem ele, serão multadas.
Na verdade, esperava-se aprovar o projeto até 2020. Mas os parlamentares aprovaram rápido, é lei e, por conta do ritmo em que isso se deu, o país poderá eliminar a desigualdade salarial – resquício da discriminação contra as mulheres, que ainda ronda a vida pública – em apenas dois anos.
Não há como ter uma sociedade justa se não há igualdade, também no mercado de trabalho. E isso realmente não combina com a liderança do país no ranking de países mais equitativos do mundo (Relatório Global de Igualdade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial) ao lado da Noruega, Suécia e Finlândia. Mas o país caiu nesse ranking entre 2013 e 2016, justamente quando a diferença salarial aumentou em diversos setores, segundo a Associação Islandesa dos Direitos da Mulher.
Todo esse avanço se deve ao engajamento das mulheres islandesas. De acordo com o jornal El País, nos últimos 42 anos e por quatro vezes (1975, 1985, 2005 e 2010), elas abandonaram seus empregos para reivindicar equiparação salarial. E esse ativismo todo certamente contribuiu para que conquistassem uma boa representatividade no governo: mais da metade dos parlamentares é mulher. E lá ainda existe um ministério dedicado à Igualdade e Assuntos Sociais. Segundo a Folha de São Paulo, quando foi anunciada a nova lei, o ministro Thorsteinn Viglundsson admitiu que a diferença salarial ainda era um grave problema que precisava de “medidas radicais”.
Obviamente, esse movimento é bastante impulsionado pela atuação de inúmeras instituições feministas não-governamentais. E a história ainda revela que, desde 1995, as mulheres têm lutado para conquistar direitos. Mas a sementinha para essa postura combativa, inerente às islandesas, é remota. Vem da época em que os homens atravessavam o oceano em busca de riquezas e deixavam mulheres e filhos pra trás. Sem eles, elas tiveram que aprender a desempenhar bem todas as funções e tudo que é preciso para gerir bem não só uma casa, mas um país, e ainda com prosperidade. A coragem e a força das islandesas continuam fazendo história.
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Queria saber o resultado disso depois…