Todo o gelo da Antártica derreteria se queimássemos o petróleo e carvão ainda disponíveis no planeta e, consequentemente, o mar se elevaria 58 metros, inundando a costa de todos os continentes.
Esta é a conclusão do estudo desenvolvido por uma equipe internacional de cientistas – envolvendo o Carnegie Institution (EUA) e o Instituto Potsdam de Pesquisa em Impactos Climáticos, (Alemanha), entre outros -, publicado na semana passada pela revista Science Advances.
O artigo aponta que essa atividade – que emitiria cerca de 10 trilhões de toneladas de carbono – colocaria em risco de redução o Manto de Gelo da Antártica Oriental, que é a maior área na região. A elevação se daria lentamente – três metros por século, durante o primeiro milênio -, mas se configuraria em uma catástrofe sem precedentes na história da humanidade.
Segundo os pesquisadores, hoje, mais de um bilhão de pessoas vivem em regiões próximas ao litoral. Nesse cenário, as cidades do Rio de Janeiro, Tóquio, Nova York, Xangai e Calcutá, entre outras, poderiam ficar totalmente submersas com essa elevação.
De acordo com o estudo, o Manto de Gelo Ocidental já está em processo de perda irreversível, por conta da pressão humana e também de outros fatores.
No texto, a autora principal da pesquisa, Ricarda Winkelmann, do Instituto Postdam, salientou que “isso não aconteceria da noite para o dia, mas o problema é que nossas ações, hoje, estão transformando a Terra em algo bem diferente do que conhecíamos – e isso vai continuar nas próximas dezenas de milhares de anos. Se quisermos evitar uma Antártica sem gelo, precisamos deixar o carvão, o gás e o petróleo onde estão: nas profundezas da Terra”.
Tudo isso pode parecer distante demais para nos importarmos, mas pensar no que acontecerá à Terra – e a seus habitantes – nos próximos anos, mesmo que sejam milhares deles, faz parte da sustentabilidade que tanto almejamos, hoje.
Medidas de adaptação às alterações no nível do mar são possíveis, mas com certeza é melhor tentar evitar do que remediar. Por isso, é preciso conter o aumento da temperatura global em até 2ºC e é imprescindível que cheguemos a um acordo duro na próxima Conferência da ONU para as Mudanças Climáticas, a COP21, em Paris, em dezembro próximo.
Imagem: Nasa