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Farra dos agrotóxicos: teste revela que 60% dos alimentos está envenenado


Você já ouviu falar que a agricultura precisa de mais terras para produzir mais e atender a população que só aumenta? Pois é, mas há algo de muito errado nessa conta, nessa ideia de produção (de distribuição e comercialização também) porque, no Brasil, por exemplo, se produz muito, se desperdiça no mínimo 1/3 do que é produzido e não se mata a fome. Pior: boa parte dos alimentos está envenenada por agrotóxicos, que, como sabemos – e é óbvio, aliás – causam grande mal ao meio ambiente e à saúde dos seres humanos como desregulações hormonais, má formação, distúrbios dos sistemas imunológico, nervoso e reprodutivo e câncer.  Alguns venenos já são até banidos em outros países, mas seu uso ainda é permitido por aqui.

O relatório que o Greenpeace acaba de lançar sobre a agricultura brasileira traz o resultado de testes sobre toxicidade de alguns alimentos (bastante comuns em nossa dieta) que revela que “estamos comendo comida com veneno todos os dias”. O documento Segura este abacaxi: os agrotóxicos que vão parar na sua mesa – que tem por base um relatório técnico que reúne inúmeros artigos acadêmicos (saiba mais, abaixo) – apresenta dados bastante preocupantes.

A questão agora é que a conjuntura política piora ainda mais este cenário já que o meio ambiente e os direitos sociais se transformaram em “moeda de troca” pelas mãos de Michel Temer, que lança mão deles quando necessário – troca terras, licenças e liberação do uso de pesticidas por votos – para garantir sua permanência na presidência. No Congresso Nacional, a bancada ruralista domina e mantém, em sua pauta, o incentivo ao uso de mais e mais agrotóxicos.

O pacote de maldades do governo é extenso

O pacto entre o Governo e ruralistas tem por objetivo fragilizar cada vez as leis que protegem o meio ambiente, a saúde e os direitos humanos, como temos visto. Isto incluí obviamente redução e extinção de áreas protegidas das florestas, anistia a crimes ambientais e dívidas do agronegócio, legalização da grilagem de terras, paralisação das demarcações de terras indígenas, quilombolas e da reforma agrária, enfraquecimento do licenciamento ambiental, venda de terras para estrangeiros, e permissão de trabalho análogo ao escravo. E – claro! – o incentivo ao uso de mais agrotóxicos na produção de alimentos, resultando em mais veneno no prato.

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Para enfraquecer a atual legislação sobre agrotóxicos, há um Projeto de Lei – 6299/2002, também conhecido como PL do Veneno -, que visa enfraquecer a atual legislação, liberando o uso de mais substâncias perigosas. Por meio dele também, a bancada ruralista quer substituir o nome “agrotóxicos” por “defensivos fitossanitários”, o que reduziria a importância dos órgãos responsáveis pela avaliação e aprovação dessas substâncias, tais como o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E essas são só algumas das propostas insanas dessa turma.

Como se não bastasse, tudo que eles propõem pode ser acelerado com uma Medida Provisória – a MP dos Agrotóxicos -, prometida por Temer aos ruralistas em troca de apoio parlamentar. Ela já foi divulgada na imprensa e sua publicação transformará em lei, da noite para o dia, boa parte de tudo que diz o PL do Veneno.

Testes revelam venenos proibidos no mundo… e no Brasil

Nos testes, foram analisados mais de 100 quilos de cereais, verduras e frutas, em 50 amostras de arroz branco, banana-prata, banana-nanica, café, couve, feijão-preto, feijão-carioca, laranja-pera, mamão-formosa, pimentão verde e tomate.

Mais da 1/2 continha resíduos de agrotóxicos, alguns proibidos por lei, além da quantidade acima do permitido e da variedade de venenos encontrados em um mesmo alimento. Dos 50 itens, 18 estavam “em desacordo com a lei”, entre eles a banana prata, a couve, o mamão formosa, o arroz branco, o pimentão verde, o tomate e o café. Os que apresentaram a maior variedade de venenos foram o pimentão, com 7 tipos diferentes; a laranja, com 5 e, o mamão, com 4.

E mais: pesticidas banidos no mundo estavam impregnados nos alimentos analisados, mas também um agrotóxico que é proibido por aqui.

Assine já a petição!

E como lutar contra tudo isso?

Uma das formas é pressionando o governo para que ele aprove a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA), o projeto de lei 6670/2016 que já está na Câmara dos Deputados e aguarda que se instale uma Comissão Especial para analisá-lo. Vamos pressionar? Além de espalhar tudo que você leu aqui, assine a petição do Greenpeace – Chega de agrotóxicos! – e compartilhe também. Nas redes sociais, use a hashtag #ChegadeAgrotóxicos.

Tudo por um futuro justo e sustentável. No campo e na mesa de todos nós.

Agricultura tóxica: para aprofundar conhecimentos sobre o tema

O relatório Segura este abacaxi, lançado agora pelo Greenpeace, tem por base o relatório técnico Agricultura tóxica: um olhar sobre o modelo agrícola brasileiro que a ONG também está lançando pela Campanha de Agricultura e Alimentação, mantida há vinte anos.

Ele reúne artigos técnicos assinados por renomados especialistas da área acadêmica e científica, como Gerd Sparovek, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, Karen Friedrich, Biomédica, Mestre e Doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, Walter Belik, Economista da Universidade de Campinas, Arilson Favareto, Sociólogo da Universidade Federal do ABC, Aline do Monte Gurgel, Biomédica, Mestre e Doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, Gabriel Fernandes e Paulo Petersen, da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa.

Se quiser se aprofundar no tema, é só preencher formulário no site do Greenpeace e solicitar o relatório completo.

Agora, assista aos vídeos produzidos com base no teste e na pesquisa do Greenpeace:

 

Foto: Pineapple Supply Co./Unsplash

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Natura
7 anos atrás

É assustador isso, e com certeza colhemos os males que eles causam a nossa saúde. Por isso tantas doenças! A política Nacional precisa ser aprovada sim, é a nossa saúde.

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