
Yoko, chimpanzé macho de 38 anos, era o único animal da espécie a viver no Bioparque Ukumari, localizado na cidade de Pereira, na Colômbia, desde julho de 2023, quando seus companheiros – Pancho e Chita – foram mortos após tentativa de fuga da instituição.
A comoção gerada pelas mortes levou organizações nacionais e internacionais de defesa dos direitos dos animais a se mobilizarem para salvar Yoko do isolamento e do bioparque.
Além de aproveitarem a oportunidade para promover debates sobre a problemática da exposição de chimpanzés em zoológicos, elas destacaram a urgência de realocar animais silvestres para ambientes como santuários, livres de visitação pública e manejados de forma adequada para garantir integração e bem-estar.
E assim se iniciou uma campanha para tirar Yoko do bioparque a fim de garantir uma vida mais digna depois de tanto sofrimento.
Yoko passou por situações de estresse e violência desde pequenino. Foi capturado, ainda filhote – tirado de sua mãe – e traficado para a Colômbia, onde viveu sob o domínio de um narcotraficante. Nesse período, vivia acorrentado e era forçado a aprender hábitos humanos, como andar de bicicleta, fumar, assistir TV e usar roupas e sapatos.
Anos depois, no início dos anos 2000, a situação se complicou para o traficante e Yoko foi vendido para um circo na Venezuela. Na fronteira entre os dois países, autoridades o resgataram e, a partir daí, ele passou por diversas instituições até chegar ao Bioparque Ukumari, em 2018.
Foi nesse momento que ele se juntou a Pancho e Chita, ao lado dos quais viveu por cinco anos, e passou mais dois anos completamente sozinho. Mas todo esse sofrimento acabou!
Novo lar
Após mais de um ano de negociações e meses de trâmites para reunir toda a documentação, Yoko pode, finalmente, seguir para seu novo lar no Brasil, o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, localizado no estado de São Paulo. O santuário é afiliado do Projeto GAP Internacional, uma das organizações que participaram da campanha por Yoko.

Foto: reprodução de vídeo
A viagem teve início no sábado (22) e, após dois dias, hoje (24) o novo morador do santuário de Sorocaba chegou!
Antes de ser apresentado a outros chimpanzés, Yoko passará por quarentena em um recinto de aproximadamente 5 mil m², especialmente preparado para ele, conta o santuário em seu site.
“Após esse período, a prioridade será implementar a melhor estratégia para sua integração, avaliando quais seriam os melhores grupos e/ou companheiros com quem teria uma boa chance de interagir e conviver”, destaca.
Fundado em 2000, o Santuário dos Grandes Primatas de Sorocaba é o maior entre os quatro santuários apoiados pelo GAP e o maior de grandes primatas da América Latina.
Tem cinco hectares de área e 63 recintos para chimpanzés – alguns com mil m2, divididos em 14 complexos.
Atualmente, abriga 250 animais, sendo 42 chimpanzés – Yoko é o 43º – e outros pequenos primatas, aves, felinos e ursos. Só de chimpanzés, a instituição já cuidou de outros 32, que viveram seus últimos anos de vida.
De acordo com o site da instituição, suas “instalações estão preparadas para expansão e recebimento de outros animais que forem resgatados de situações de maus-tratos”. Sim, a grande maioria dos que ali vive têm histórico de violência causada por seres humanos, ou seja, é marcada por “traumas físicos e/ou psicológicos para o resto de suas vidas”.
Um marco para a Colômbia
A transferência de Yoko para o santuário de Sorocaba, no Brasil, além de uma felicidade para ele e todos que lutam pelos animais é um marco importante para a Colômbia, já que agora se destaca como país que não mantém grandes primatas em cativeiro.
Agora, as organizações de proteção animal que trabalharam no caso de Yoko se preparam para buscar a aprovação de uma lei que proíbe, permanentemente, a entrada de grandes primatas e de animais exóticos na Colômbia.
Será uma grande conquista para a causa animal no país e um bom exemplo a ser seguido por outros países que ainda mantêm chimpanzés, orangotangos, gorilas e bonobos em zoológicos e outras instalações, como é o caso do Brasil.
A seguir, assista ao vídeo divulgado pelo Projeto GAP sobre a história de Yoko e sua transferência para o Brasil.
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Com informações do Projeto GAP Brasil
Foto (destaque): reprodução de vídeo