O periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus) é uma ave endêmica da região Nordeste do Brasil, ou seja, só é observada ali e em nenhum outro lugar do mundo. Com o corpo verde e o peito branco, esse pássaro que mede cerca de 25 cm, tem entre suas principais características uma mancha marrom na face.
No passado, o periquito cara-suja era visto em abundância por vários estados nordestinos, mas atualmente, devido à perda de seu habitat, as florestas serranas, e a captura ilegal, ele é encontrado apenas em alguns pouquíssimos pontos da Bahia, e em maior quantidade no Ceará, principalmente na Serra de Baturité, localizada a pouco mais de 100 km da capital Fortaleza.
Declarada em 2003 como uma espécie criticamente ameaçada de extinção, essa ave ganhou um projeto para protegê-la há 15 anos. Desde então a equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) trabalha pela conservação do periquito cara-suja através de ações de monitoramento da sua população, contagem de indivíduos e ovos, instalação de caixas-ninhos para estimular a reprodução e ainda, a educação ambiental das comunidades que vivem nas suas áreas de ocorrência.
Graças a esses esforços, o projeto viu uma grande recuperação da espécie. Na Serra de Baturité, por exemplo, há pouco mais de uma década eram menos de 100 indivíduos em vida livre. Com a ajuda dos ninhos artificiais, o periquito cara-suja prosperou e atualmente são em torno de 1 mil.
O periquito cara-suja se alimenta de frutos, sementes e flores e faz ninhos em ocos de árvores
(Fábio Nunes/Acervo Aquasis)
O primeiro sítio cearense de repovoamento
Uma outra estratégia empregada pelo projeto do Aquasis foi o uso de uma técnica pioneira no Brasil de translocação de pássaros de vida livre. Diferentemente da soltura de aves nascidas em cativeiro, nesse processo indivíduos selvagens são levados de uma área para outra para fazer o repovoamento.
Foi o que aconteceu na Serra da Aratanha, situada a cerca de 70 km da Serra de Baturité. Nela o periquito de cara-suja havia sido extinto.
Durante a noite, quando os pássaros estavam dormindo, a equipe do projeto levava com extremo cuidado as caixas-ninhos de Baturité para Aratanha. Na manhã seguinte, eles acordavam num enorme recinto, no meio da mata, onde passavam por um breve período de aclimatação.
Um ano depois do início das translocações, já há motivo para muita comemoração: 32 caras-sujas já se reproduziram em Aratanha.
O recinto, no meio da floresta, onde os cara-suja são colocados logo que chegam na Serra da Aratanha
(Fábio Nunes/Acervo Aquasis)
Uma linda e inesperada surpresa
Além dos números animadores, pesquisadores, biólogos e veterinários que fazem parte do projeto fizeram uma descoberta inesperada e muito celebrada. Durante o período de aclimatação dos periquitos cara-suja, foram trazidas também outros quatro, provenientes de cativeiro e que não iriam ser soltos, mas apenas auxiliar nesse processo.
Contudo, para surpresa geral, houve uma formação de casal com uma ave livre (apelidada de Lisbela), mesmo apesar das grades do recinto.
“Em cinco meses de convívio, o cara-suja prisioneiro reproduziu com sua parceira livre. Em suma, será libertado por ter sido reabilitado por um membro de sua própria espécie”, contou o Aquasis.
Devido à melhora nos números da espécie, hoje o periquito cara-suja é considerado “em perigo de extinção”, ou seja, houve uma melhora em seu status de conservação.
“Antes de ser extinta, uma espécie geralmente passar pelos níveis CR (Criticamente em Perigo de extinção); EN (Em Perigo de extinção) e VU (Vulnerável à extinção). O cara-suja era CR e passou para EN”, explica o biólogo Weber Girão.
E agora, a Serra da Aratanha passou a ser o primeiro sítio cearense de repovoamento de uma de ave brasileira ameaçada de extinção – o periquito cara-suja.
Abaixo um vídeo muito bacana que conta um pouco mais sobre este projeto tão importante:
Foto de abertura: Fábio Nunes/Acervo Aquasis
Boa noite, vendo aqui essa matéria, quero informar q aqui no meu comedouro encontra-se várias espécies, se alimentando de banana e mamão, fica aqui o meu registro.