Menor dos peixes-bois existentes no mundo, a espécie amazônica (Trichechus inunguis) atinge entre 2,8 a 3 metros e pode pesar até 450 kg. Além disso, é a única que vive em água doce. Alimenta-se basicamente de plantas aquáticas e semi-aquáticas. É extremamente dócil.
Podendo ser encontrado em rios ao longo de toda Bacia Amazônica, o nosso peixe-boi tem algumas características marcantes: uma mancha branca na região ventral (peito) e ausência de unhas nas nadadeiras peitorais, o que torna mais fácil diferenciá-lo das espécies marinhas e africanas.
Por possuir um couro cinza, extremamente resistente, e nadar lentamente, no passado, foi vítima da caça. Também era morto pelas populações ribeirinhas que consumiam sua carne. Considerado como espécie “vulnerável” pela Lista Vermelha da Conservação Internacional, o que significa que ele é vulnerável ao risco de extinção, o peixe-boi tem hoje entre suas principais ameaças a destruição e a degradação do habitat natural, além da liberação de mercúrio nos rios e a contaminação da água por agrotóxicos, proveniente de plantações na Amazônia.
Pois agora, próximo da Páscoa, há um bom motivo para celebração. Após reabilitação, dez peixes-bois serão reintroduzidos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no Amazonas, a 173 km da capital Manaus. Os animais foram vítimas de caça ilegal e nos últimos meses, passaram por um período de preparação, em um semicativeiro, num lago privado de piscicultura, sob o cuidado de biólogos.
Em breve, os machos Aboré, Rudá, Gurupá, Manicoré e Itacoati e as fêmeas Anori, Adana, Baré, Piracauera e Naiá ganharão, finalmente, sua liberdade novamente.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) fará uma expedição* entre os dias 31 de março e 3 de abril para reintroduzir estes peixe-bois no baixo Purus, um dos principais rios da Amazônia. Esta será a maior soltura da espécie no Brasil, desde que o Programa de Reintrodução de Peixes-Bois do Inpa foi criado, há dez anos. Cinco deles receberão cintos transmissores para monitoramento pós-soltura.
Até hoje, já foram reintroduzidos outros 12 peixes-bois aos rios da Amazônia. Desde 2016, eles são soltos na RDS Piagaçu-Purus, onde as comunidades da unidade de conservação do estado do Amazonas são parceiras do programa. “Nossa ideia é levar, de maneira inédita, dez animais de uma só vez. Normalmente, o Inpa tem reintroduzido de quatro a cinco peixes-bois por ano, mas o sucesso das solturas passadas com os animais se readaptando muito bem à natureza nos permitiu acelerar o processo”, explica Diogo Souza, responsável pelo programa de reintrodução.
Restaram ainda outros 67 peixes-bois sendo reabilitados para a reintrodução na vida selvagem. “Nessa etapa de semicativeiro, o lago é um ambiente propício para o animal herbívoro se readaptar, gradualmente, às condições naturais, podendo se alimentar sozinho de pelo menos 13 espécies de plantas aquáticas, como mureru, capim-membeca e capim-navalha, além de ter contato com outros peixes-bois e demais animais aquáticos, como peixes e quelônios”, explica Vera da Silva, líder do Laboratório de Mamíferos Aquáticos.
Peixe-boi sendo libertado no rio
*A expedição de soltura faz parte do Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, coordenado pela pesquisadora do Inpa, líder do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Vera da Silva, em parceria com o Projeto Museu na Floresta – uma cooperação científica entre o Inpa e a Universidade de Kyoto (Japão), e a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa). O Programa de Reintrodução de Peixes-Bois conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Fotos: divulgação Ampa e Inpa (abre), Luciete Pedrosa/INPA
Excelente trabalho em defesa ambiental que merece nosso total apoio e voto de louvor e também em defesa dos animais, peixes, e do desenvolvimento sustentável sem agredir o meio ambiente. Parabéns pelo maravilhoso trabalho que realizam. Abraços do amigo prof.claudiomagalhaes@gmail.com