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Mergulhador registra a incrível regeneração de uma barbatana de tubarão

Mergulhador registra a incrível regeneração de uma barbatana de tubarão

Em julho de 2022, um fotógrafo submarino se deparou com algo chocante na Flórida: um tubarão-seda (Carcharhinus falciformis) com uma parte enorme da barbatana dorsal faltando. Seria pouco provável que ele conseguisse nadar ou sobreviver com tal ferimento. Justamente no local da lesão havia previamente uma identificação do animal feita por pesquisadores. Não se sabe se a remoção do equipamento foi proposital ou não e teria causado a lesão.

Todavia, um ano depois, o mergulhador Josh Schellenberg reencontrou o tubarão e ficou surpreso ao descobrir que a pele da barbatana tinha se regenerado praticamente por completo.

Ao analisar ambas as imagens, a pesquisadora Chelsea Black, da Universidade de Miami, também ficou atônita. Em 332 dias, o tubarão tinha conseguido recuperar 87% da pele perdida.

Contudo, ela não sabe exatamente como essa reconstrução do tecido aconteceu, pois só tem acesso a fotos e não foi feito um exame no animal. Pode ter ocorrido o crescimento de um novo tecido ou uma junção entre os que restaram. O que se percebe é uma coloração diferente no meio. Não se sabe ainda se é um tecido cartilaginoso ou de cicatrização.

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“Antes deste estudo, apenas um outro registo de regeneração da barbatana dorsal tinha sido documentado num tubarão-baleia. Isto fornece a primeira evidência de regeneração da barbatana dorsal num tubarão-seda e contribui para os estudos ainda limitados sobre as taxas de cicatrização de feridas em tubarões”, diz Chelsea, em um artigo científico divulgado na publicação Journal of Marine Sciences.

Tubarões e raias possuem uma capacidade bastante incomum para curar feridas e lesões. Por isso, a cientista ressalta que pesquisas sobre a regeneração de tecidos e a cicatrização nesses animais são importantes para compreender como eles respondem a traumas físicos face aos crescentes desafios ambientais, tanto naturais como antropogênicos, ou seja, causados pelo ser humano.

Mergulhador registra a incrível regeneração de uma barbatana de tubarão

A barbatana, um ano depois, reconstruída
(Foto: Josh Schellenberg)

Apesar da descoberta sobre a regeneração, o ideal mesmo é que o equipamento de monitoramento nunca tivesse sido removido ou caído.

“Sendo uma espécie de alta mobilidade, os tubarões-seda no Noroeste do Atlântico são vulneráveis a ameaças induzidas pelo homem, tais como a captura acidental em operações de pesca comercial… Eles são capazes de migrações que cobrem distâncias superiores a 3.500 km”, diz Chelsea. “Os dados recolhidos pela etiqueta de satélite colocada neste indivíduo teriam contribuído para a investigação sobre o uso do habitat e corredores de migração para esta área. A remoção forçada desse equipamento não só causou lesões traumáticas ao tubarão, mas também teve um impacto negativo em toda a espécie através da perda de dados inestimáveis, necessários para aumentar a sua proteção”.

Mergulhador registra a incrível regeneração de uma barbatana de tubarão

O buraco da ferida, depois e antes
(Imagem: reprodução Journal of Marine Sciences, 2023)

Foto de abertura: Josh Schellenberg

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