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Marina Silva deixa audiência de comissão após ataques e ofensas de senadores

Marina Silva deixa audiência de comissão após ataques e ofensas de senadores

Por Fabíola Sinimbu*

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, deixou a audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado após ser atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), que pediu a palavra para fazer uma pergunta, mas acabou afirmando que, como ministra, ela não merecia respeito.

“Estou falando com a ministra e não com a mulher, porque a mulher merece respeito, a ministra, não!”.

A ministra participava da comissão como convidada para tratar da criação de quatro unidades de conservação marítimas no Amapá. Durante a audiência, houve calorosos debates sobre temas como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental (aprovado pelo Senado e que agora tramita na Câmara dos Deputados) e a extensão da BR-319.

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Após retrucar que o convite foi feito porque ela ocupa o cargo de ministra e não por ser mulher, Marina Silva e a equipe do ministério deixaram a sessão.

Antes de a sessão ser encerrada, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) saiu em defesa da ministra. “O debate político pode ser caloroso, pode expressar as divergências, pontos de vistas, agora, manifestação de desrespeito é inaceitável”.

Reincidência

Em março deste ano, Plínio Valério já havia atacado anteriormente a ministra Marina Silva, durante discurso público em evento no Amazonas. Naquela ocasião, o senador afirmou: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”.

“Eles estão agredindo o povo”, declarou Marina

Ao deixar a audiência, Marina Silva falou com a imprensa e afirmou que não poderia permanecer após ser tratada mais uma vez com desrespeito. “Eu não poderia ter outra atitude, mas eu dei a chance dele me pedir desculpas”, afirmou a ministra.

A ministra declarou que foi à audiência defender os recursos naturais brasileiros, “fazer com que a gente saia do não pode, para o como pode da forma certa?”. A ministra acrescentou: “Eles pensam que estão agredindo uma pessoa. Estão agredindo um povo”.

Outras provocações de senadores

Antes do ataque verbal de Plínio Valério, o senador Omar Aziz (PSD-AM) provocou Marina Silva, atribuindo a ela culpa pela aprovação do Projeto de Lei 2.159/2021 – que muda as regras do licenciamento ambiental.

“Se essa coisa [o PL] não andar, a senhora também terá responsabilidade do que nós estamos aprovando aqui. Pode ter certeza! Pela intransigência, a falta de vontade de dialogar, de negociar, de conversar e de agilizar, mas nós iremos agilizar”, disse Aziz.

E a ministra rebateu: “Isso é não querer honrar os votos de quem os elegeu, porque quem tem um mandato de senador, de deputado, vota pelas convicções que tem, não porque alguém o obrigou a fazer alguma coisa”.

Marina Silva concluiu ressaltando que “o licenciamento ambiental é uma conquista da sociedade brasileira e, nesse momento, só o povo brasileiro pode evitar esse desmonte que está sendo proposto”.

Já a discussão com o senador Marcos Rogério, que presidia a sessão, começou quando Marina disse que se sentiu ofendida por falas de Aziz e questionou a condução dos trabalhos feita por ele.

Rogério havia cortado o microfone de Marina várias vezes, impedindo-a de falar, e ironizou suas queixas. A ministra afirmou que ele gostaria que ela “fosse uma mulher submissa”. “E eu não sou!”, completou.

Sentado ao lado da ministra, Rogério olhou para ela e disse: “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”. A declaração provocou novo tumulto e ele, mais tarde, tentou se explicar. Disse que, na verdade, referia-se ao “lugar” de Marina como ministra de Estado.

* Texto originalmente publicado no site da Agência Brasil hoje, 27/5/2025, com trechos do G1 sobre o ataque do senador Marcos Rogério à ministra Marina Silva.

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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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