Foi a primavera mais seca das últimas seis décadas na Itália e em algumas regiões do país, a média de chuvas chegou a ser 80% menor do que o previsto. Roma, por exemplo, teve 26 dias chuvosos no primeiro semestre, enquanto em 2016, foram 88.
Com esta situação, aliada ao bastante antigo sistema de abastecimento de água das cidades italianas (alguns aquedutos ainda estão em funcionamento, mas com muitos vazamentos), já no final de junho, o governo interrompeu o fornecimento de água potável das fontes conhecidas como nasoni, ou grandes narizes, em português. Só na capital, são mais de 2.800 espalhadas por ruas e praças, um alívio para moradores e turistas, que nos meses de verão enfrentam temperaturas que chegam aos 40ºC. Elas foram instaladas em 1874 e desde então, vinham funcionando ininterruptamente.
Roma é abastecida principalmetne pelo lago Bracciano, ao norte da cidade, mas seu nível de água caiu drasticamente nas últimas semanas. Na verdade, há três anos que a média de chuva na região do lago diminuiu cerca de 70%. Com a situação de emergência, desde sexta-feira (21/07), começou uma racionamento na capital. Durante oito horas, o abastecimento à população é interrompido.
A pouca chuva que tem caído na Itália vem em forma de fortes tempestades. Segundo especialistas, o clima está ganhando características mais “tropicais” por causa do aquecimento da água do Mar Mediterrâneo.
Agricultores italianos já falam em prejuízos de mais de 2 bilhões de euros provocados pela seca, sobretudo, na colheita de tomate, azeitona e uva, culturas emblemáticas do país. No interior e nas ilhas da Sardenha e Sicília, os moradores têm enfrentado também incêndios diários.
“Gostaria de convidar Donald Trump a nos visitar aqui e conferir de perto o que acontece quando não se respeita acordos do clima”, disse Nicola Zingaretti, política italiana, se referindo à saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, pelo qual, países do mundo todo se comprometeram a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa para tentar frear os efeitos das mudanças climáticas no planeta.
De acordo com o relatório mensal divulgado pela Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), junho de 2017 foi o terceiro junho mais quente da história, desde que este tipo de monitoramento começou a ser feito. Os mesmos meses mais quentes só foram registrados em 2015 e 2016.
Ainda segundo o NOAA, a temperatura da superfície da Terra e dos oceanos ficou 0,89ºC acima da média para esta época do ano.
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