
O narval (Monodon monoceros) é uma baleia de cor acinzentada, que habita regiões do Ártico, e tem uma característica única, que inspirou mitos como o do unicórnio: a presença de um longo chifre em forma de espiral, na verdade, um dente canino alongado, encontrado predominantemente em machos, que cresce ao longo da vida, podendo chegar a atingir mais de 3 metros de comprimento.
Todavia, ainda hoje, existe muita dúvida sobre a real função desse chifre. Para o naturalista britânico Charles Darwin seria uma maneira dos machos atraírem as fêmeas e não para ajudar na caça ou busca de alimentos.
Mas um novo estudo, que fez o uso de imagens de drones, conseguiu flagrar alguns comportamentos até então desconhecidos entre narvais. Pela primeira vez há evidência de que esses animais utilizam a força de seus chifres para atordoar e possivelmente matar a truta-do-ártico (Salvelinus alpinus).
As imagens aéreas obtidas pela pesquisa realizada por cientistas do Instituto Oceanográfico Harbor Branch da Universidade Atlântica da Flórida e do Departamento de Pesca e Oceanos do Canadá, em parceria com comunidades Inuit em Nunavut, no Alto Ártico do Canadá, revelaram ainda a primeira evidência de provável brincadeira exploratória e interações entre narvais, peixes e pássaros, incluindo a tentativa de cleptoparasitismo, o roubo de comida, entre esses cetáceos e gaivotas (Larus hyperboreus).
“Eu estudo narvais há mais de uma década e sempre fiquei maravilhada com suas presas”, afirma Cortney Watt, pesquisadora do Departamento de Pesca e Oceanos do Canadá. “Observá-los usando seus chifres para forragear e brincar é extraordinário. Este estudo único, onde montamos um acampamento de campo remoto e passamos um tempo filmando narvais com drones, está gerando muitos dados e informações interessantes e está fornecendo uma visão panorâmica de seu comportamento que nunca vimos antes.”
Os pesquisadores se mostraram surpresos também com a extrema destreza, precisão e velocidade dos narvais ao usarem suas presas.
“Os narvais são conhecidos por seu comportamento em dois ou mais deles simultaneamente levantam seus chifres quase verticalmente para fora da água, cruzando-as no que pode ser um comportamento ritualístico para avaliar as qualidades de um oponente em potencial ou para exibir essas qualidades para parceiros em potencial”, diz Greg O’Corry-Crowe, pesquisador da Universidade da Flórida. “Mas agora sabemos que as presas dos narvais têm outros usos, alguns bastante inesperados, incluindo forrageamento, exploração e brincadeira.”
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Foto de abertura: O’Corry-Crowe, FAU/Watt, DFO / divulgação Florida Atlantic University