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Humanos são apontados como responsáveis pela extinção de grandes mamíferos

Humanos são apontados como responsáveis pela extinção de grandes mamíferos

A discussão é antiga. Nos últimos 50 mil anos, 151 espécies de grandes mamíferos, aves e répteis desapareceram da Terra. Quarenta e seis delas eram consideradas mega herbívoros, ou seja, se alimentavam apenas de vegetais e pesavam mais de que uma tonelada. E há muito tempo especialistas debatem se a extinção desses animais se deu por conta da mudança no clima ou da presença do ser humano no planeta.

Mas um novo estudo, que compilou diversas análises e dados, afirma que a maioria dessas espécies foram levadas à extinção pela caça humana.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, avaliaram diversos pontos diferentes, entre eles, a época das extinções, a dieta dos animais, condições do clima e habitat e evidências de atividades de caça pelo homem.

Segundo os cientistas, a mudança climática teve um papel menor, especialmente no desaparecimento da chamada megafauna.

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“A enorme e muito seletiva perda de megafauna nos últimos 50 mil anos é única em 66 milhões de anos. Os períodos anteriores de alterações climáticas não levaram a grandes extinções seletivas, o que contraria um papel importante do clima nas extinções da megafauna”, argumenta Jens-Christian Svenning, professor da Aarhus e autor principal de um artigo científico sobre a análise. “Outro padrão significativo que mostra como o clima não teve papel tão preponderante é que as recentes extinções da megafauna atingiram com tanta força as áreas climaticamente estáveis ​​como as áreas instáveis”.

Grandes animais eram as principais vítimas da caça

Achados arqueológicos contribuíram de forma significativa para a conclusão a que os pesquisadores dinamarqueses chegaram. Além da descoberta de vestígios de armadilhas utilizados para caçar animais de grandes proporções, fósseis de ossos humanos e ainda, a análise de substâncias contidas na ponta de lanças, revelam a presença de proteínas contidas na carne dessas espécies.

Historiadores confirmam que a caça a mamutes, mastodontes e preguiças gigantes era comum em todo o mundo.

“Os primeiros humanos modernos eram caçadores hábeis e conseguiam matar até mesmo as maiores espécies animais e claramente tinham a capacidade de reduzir as populações de espécies de grande porte. Elas eram particularmente vulneráveis ​​à caça porque tinham longos períodos de gestação, produziam muito poucos descendentes de cada vez e levavam muitos anos para atingir a maturidade sexual”, esclarece Svenning.

Todavia, a extinção da megafauna não ocorreu simultaneamente na Terra. Os pesquisadores acreditam que em algumas regiões o desaparecimento aconteceu de forma mais lenta e gradual, num período de quase 10 mil anos, enquanto em outras áreas, o processo foi mais rápido. Contudo, sempre após a chegada dos humanos modernos.

Com exceção da Antártica, esses seres gigantescos sumiram em todos os tipos de ecossistemas e clima.

“Muitas das espécies extintas poderiam prosperar em vários tipos de ambientes. Portanto, sua extinção não pode ser explicada pelas mudanças climáticas que causaram o desaparecimento de um tipo específico de ecossistema, como a estepe do mamute – que também abrigava apenas algumas espécies de megafauna”, diz o professor dinamarquês. “A maioria das espécies existiu em condições temperadas a tropicais e deveria ter se beneficiado do aquecimento no final da última era glacial.”

Ilustração mostra como a extinção de grandes mamíferos durante o final do período Quaternário está relacionada com o tamanho do corpo. Os números pretos representam o número total de espécies que viveram durante esse período, incluindo aquelas que ainda existem e aquelas que foram extintas. Os números vermelhos mostram as espécies que foram extintas
Imagem: ECONOVO / Cambridge Prismas: Extinção

Por último, o estudo ressalta o impacto ecológico da extinção da megafauna. Eles não apenas influem no controle da população de outros animais, mas também, da flora e reciclagem de nutrientes no solo.

“Os nossos resultados destacam a necessidade de esforços ativos de conservação e restauração. Ao reintroduzir grandes mamíferos, podemos ajudar a restaurar o equilíbrio ecológico e apoiar a biodiversidade, que evoluiu em ecossistemas ricos em megafauna”, destaca Svenning.

*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da University of Aarhus

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Ilustração de abertura: gravura Ernest Griset, fotografia William Henry Jackson / cortesia Getty’s Open Content Program

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