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Hibernação dos lêmures pode revelar segredo da regeneração celular

Hibernação dos lêmures pode conter o segredo da regeneração celular

Quem diria que esse pequeno lêmure, com essa carinha simpática e grandes olhos, pode ajudar os seres humanos a desvendar uma maneira de combater o envelhecimento? Pelo menos é isso o que sugere um estudo recém-divulgado por pesquisadores das Universidades de Duke e da Califórnia, nos Estados Unidos. Ao analisar a hibernação do lêmure-anão-de-cauda-grossa (Cheirogaleus medius) eles descobriram que, temporariamente, eles conseguem reverter o envelhecimento celular.

Assim como nós, os lêmures possuem telômeros, sequências repetitivas de DNA que existem nas extremidades dos cromossomos humanos. Frequentemente comparadas àquela parte plástica na ponta do cadarço do sapato, usada para protegê-lo, com o passar do tempo, e como consequência de outros fatores externos, como estresse, sedentarismo e falta de sono, esses telômeros começam a ficar menores e sem a sua proteção, as células vão perdendo sua capacidade de funcionar adequadamente.

Contudo, segundo revelam os cientistas americanos, durante a hibernação desses lêmures, quando ocorre o período de redução do metabolismo e esses animais entram em uma espécie de torpor, deixando de se alimentar, para enfrentar o frio do inverno, seus telômeros não diminuíram e pelo contrário, aumentam de tamanho.

“Os resultados foram na direção oposta do que você esperaria”, revela Lydia Greene, uma das pesquisadoras envolvida na descoberta surpreendente, divulgada em artigo científico publicado no jornal Biology Letters. “No começo, achamos que havia algo errado com os dados.”

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Para descartar qualquer possibilidade de erro, os cientistas consultaram Dana Smith, uma das vencedoras do prêmio Nobel de Medicina, em 2009, justamente pela descoberta de como os telômeros se reconstroem. E ela confirmou o achado entre os lêmures-anões – esse primata, do tamanho de um hamster é nosso parente genético mais próximo conhecido por hibernar e que apresenta uma longa vida, apesar de seu tamanho (eles vivem o dobro do que outros primatas de seu porte).

A pesquisa envolveu o monitoramento de 15 animais. No laboratório do Duke Lemur Center, condições climáticas foram manipuladas gradualmente para simular o inverno, com temperatura mais baixa e menos luz. Pouco a pouco, os lêmures entenderam que precisavam começar a hibernar, diminuindo o batimento cardíaco e respirando apenas a cada dez minutos.

A um grupo de lêmures, que mostravam-se mais ativos, foi oferecido alimento. Aos demais, não, que sobrevivem das calorias armazenadas, exatamente como acontece na natureza. Periodicamente, eram coletadas amostras de DNA. Os pesquisadores constataram que nos primeiros, os telômeros se mantinham estáveis, mas nos últimos, eles aumentaram de tamanho.

O lêmure-anão durante a hibernação
Foto: Lydia Greene, Duke University

A mudança, entretanto, foi temporária, esclarecem os cientistas. Duas semanas após “acordarem” da hibernação, os lêmures voltaram a apresentar o mesmo comprimento de telômeros anterior ao período de dormência.

“Ao estender seus telômeros, os lêmures podem efetivamente aumentar o número de vezes que suas células podem se dividir, acrescentando assim nova vida às suas células em um momento estressante, sugere Marina Blanco, principal autora do estudo.

Ainda é um mistério como exatamente esses animais têm a capacidade de alongar seus telômeros. Ao entender esse processo no futuro, talvez seja possível desenvolver métodos para prevenir ou tratar doenças relacionadas ao envelhecimento em humanos “sem aumentar os riscos de divisão celular descontrolada que pode levar ao câncer”, salientam os pesquisadores.

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Foto de abertura: David Haring, Duke Lemur Center

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