
Nas águas de mares, rios e lagos há uma comunidade de organismos muito abundante e diversa conhecida como plâncton. São pequenos organismos que se locomovem principalmente pela força das correntes aquáticas. Aqueles fotossintetizantes, unicelulares, normalmente chamados de algas (ou microalgas nesse caso), compõe o fitoplâncton.
Os organismos fitoplanctônicos são os principais produtores primários do ambiente marinho e estuarino, responsáveis por cerca de metade do oxigênio produzido no planeta. Eles constituem a base da cadeia alimentar nos mares, servindo como alimento para animais do zooplâncton e uma diversidade de espécies de animais filtradores, como as ostras e mexilhões.
Além da luz, o fitoplâncton necessita de vários nutrientes dissolvidos na água e o consumo desses nutrientes pode levar a escassez de alguns deles. Em outras ocasiões, pode acontecer o excesso de outros. Essas e outras situações eventualmente levam ao crescimento acelerado de uma ou poucas espécies de microalgas, conhecido como floração ou “bloom”. Quando o excesso dessas microalgas é tanto que chega a tingir a água, resulta no fenômeno das Marés Vermelhas que, apesar do nome, podem ser verdes, alaranjadas, azuis… dependendo da espécie.

Foto: Wikipedia Commons
O problema é que algumas dessas espécies de microalgas, especialmente do grupo dos dinoflagelados, podem produzir toxinas, como a fitotoxina ácido ocadaico, que atingem concentrações elevadas durante as marés vermelhas. Ostras e mexilhões, ao se alimentarem dessas microalgas, podem concentrar essas toxinas e, portanto, não devem ser consumidos pelas pessoas nessas condições. Normalmente os moluscos não sofrem maiores danos, mas a toxina pode causar náuseas, vômitos e dores abdominais nas pessoas, e até casos mais graves.

Foto: divulgação/CETESB
Contudo, como é um fenômeno temporário, quando as condições voltam ao normal, os frutos do mar podem ser consumidos sem preocupação. Por isso é importante um monitoramento constante e informes atualizados das condições do ambiente.

Foto: Maria Antonio Sampayo, Wikimedia Commons
Uma curiosidade é que algumas microalgas, novamente do grupo dos dinoflagelados, como aquelas do gênero Noctiluca sp. ou Pyrocystis sp. (essas não são tóxicas), apresentam uma bioluminescência azulada, ativada por ação mecânica. Essa luz é bem visível à noite com a movimentação da água, quando algumas destas espécies estão presentes em grande quantidade.
A luz é emitida a partir de uma reação química quando a agitação da água mistura duas substâncias dentro da célula das microalgas, a proteína luciferina que é oxidada pela enzima luciferase. O brilho tênue parece ser uma adaptação para repelir possíveis predadores.
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Foto de abertura: Bruno Carlesse