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Eventos climáticos extremos colocam em risco de extinção 4 mil espécies de animais

Cerca de 10% das espécies de vertebrados terrestres correm risco de extinção nos próximos anos devido a fenômenos naturais como terremotos, furacões, vulcões e tsunamis. São quase 4 mil espécies de animais potencialmente ameaçados devido à exposição a esses eventos, com uma prevalência significativamente maior em ilhas e regiões tropicais. As conclusões estão em artigo publicado na segunda-feira (17/06) na revista científica “PNAS”.

Os cientistas mapearam como a ocorrência e magnitude desses fenômenos naturais se sobrepõe às áreas de distribuição de anfíbios, aves, mamíferos e répteis.

Para formular a lista de animais que estão ameaçados por novas ocorrências desses fenômenos, os autores da análise selecionaram as espécies que têm menos de mil indivíduos na natureza ou que vivem uma área consideravelmente pequena – menos de 2.500 km2. Isto porque elas terão dificuldades em se reproduzir e, consequentemente, recuperar a viabilidade da população diante de eventos naturais críticos.

A região neotropical, que se estende do sul do México até o norte da Argentina, engloba quase 40% das espécies de animais com risco de desaparecer, segundo o estudo. A maioria delas são suscetíveis a furacões, no Mar do Caribe e no Golfo do México, e a vulcões, terremotos e tsunamis nas regiões do Anel de Fogo do Pacífico.

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Os resultados indicam que 70% das espécies mais suscetíveis são restritas a ilhas. É o caso do papagaio-de-são-vicente (Amazona guildingii), nativo das montanhas densamente florestadas da ilha caribenha de São Vicente, nas Pequenas Antilhas. A espécie está classificada como em alto risco devido à atividade vulcânica e em risco devido a furacões.

O trabalho também destaca que cerca de 30% das espécies de animais ameaçados vivem completamente fora de áreas protegidas, o que pode aumentar ainda mais o risco de extinção devido ao grande impacto humano em áreas não protegidas.

O pesquisador Fernando Gonçalves, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, exemplifica que espécies como o urso panda, originário da China, e o beija-flor-de-barriga-safira, presente na Colômbia correm risco de serem extintos por esses fenômenos naturais.

De acordo com sua avaliação, no Brasil, apenas duas espécies correm risco, já que esses eventos não são frequentes no território brasileiro: a lagartixa-da-areia (Liolaemus lutzae), encontrada na costa fluminense – na imagem que abre este post -, e o sapo-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus cambaraensis), observado entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A análise levou em conta o tsunami de baixa magnitude que atingiu a costa do Rio de Janeiro em 2004 e o furacão de baixa magnitude que atingiu a região sul no mesmo ano.

Gonçalves aponta que, quando acontecem no território brasileiro, terremotos, furacões e tsunamis são geralmente de baixa magnitude. “Apesar de não estar localizado próximo às bordas das placas tectônicas, onde a maioria dos terremotos ocorre, o Brasil ainda possui falhas geológicas que podem gerar atividade sísmica”, explica o autor. “Quanto aos tsunamis, quando ocorrem, geralmente estão associados a eventos localizados, como deslizamentos submarinos e/ou terremotos distantes”.

As conclusões do estudo evidenciam a necessidade de ações intensivas e urgentes de conservação dessas espécies e de seu ambiente. “Além dos impactos humanos, a frequência e a magnitude dos fenômenos naturais impulsionados pelo clima, como por exemplo furacões, devem aumentar nos próximos anos”, destaca Gonçalves. O pesquisador frisa que os impactos desses eventos na biodiversidade, apesar de ainda pouco estudados, podem ser significativos.

O artigo publicado na PNAS é assinado por pesquisadores de 20 instituições estrangeiras e brasileiras, incluindo o Centro para Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças no Clima (CBioClima) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Rio Claro, o Instituto Tecnológico Vale (ITV), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Papagaio-de-pescoço-vermelho, endêmico da ilha caribenha de Dominica,
em alto risco devido a terremotos e furacões
Foto: Faraaz Abdool / Birding the Island 

Fonte: Agência Bori

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Foto de abertura: Miguel Relvas Ugalde, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons

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