Importante: Em 7 de maio, a ministra da saúde, Nísia Trindade, fez pronunciamento em cadeia de rádio, TV e internet para comentar a decisão da OMS e esclarecer que a pandemia não acabou, que, neste cenário, a vacinação é imprescindível e também o fortalecimento do SUS.
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O tão aguardado pronunciamento do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre a pandemia da covid-19 aconteceu hoje, em Genebra, em coletiva de imprensa, mas está confundindo muita gente.
Ele contou que o Comitê de Emergência se reuniu ontem, pela 15ª vez, e o recomendou a declarar “o fim da covid-19 como emergência de saúde pública de importância internacional“, mas enfatizou que a doença não deixou de ser uma ameaça global.
“É com grande esperança que declaro a covid-19 como uma emergência de saúde global” [e não mais Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (Espin)]. “No entanto, isso não significa que ela acabou como uma ameaça à saúde global. Na semana passada, ceifou uma vida a cada três minutos – e essas são apenas as mortes que conhecemos”, destacou.
Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional é um termo técnico que, antes de ser decretado pela organização, passa por diversos critérios. Sua designação é muito importante para garantir a coordenação de esforços de saúde pública internacionais.
É também o mais alto nível de alerta da OMS que, no caso da covid-19, foi declarado para o surto do novo coronavírus no final de janeiro de 2020.
Por isso, acabar com a emergência pode significar que não é mais necessária a colaboração internacional ou os esforços de financiamento ou que eles mudarão de foco. Muitos países já se adaptaram à medida que a pandemia foi recuando em algumas regiões.
A covid-19 “ainda está matando e ainda está mudando”, portanto, não podemos abandonar o status de pandemia declarado em março de 2020. A doença causada pelo Sars-Cov-2 – chamado de novo coronavírus -, continua sendo disseminada globalmente, com transmissão sustentada do surto e, como o diretor da OMS contou, ainda com impacto relevante no número de mortes e hospitalizações.
A pandemia da covid-19 “veio para ficar”
Vale lembrar que, em janeiro deste ano, Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS, salientou que, mesmo que o fim da emergência fosse decretado, certamente a humanidade ainda teria que lidar com a pandemia da covid “porque esse vírus está aqui conosco e veio para ficar”.
Logo após o pronunciamento de Tedros, Michael Ryan, diretor-executivo da organização, declarou que provavelmente “não haverá um momento em que a OMS anunciará o fim da pandemia”.
Por tudo isso, a vacina continua sendo importante no combate à covid-19 e os cuidados com higiene devem fazer parte das práticas diárias.
O uso de máscara não é mais obrigatório – nem no transporte público! -, mas, quem é previdente, não a abandona, especialmente em lugares fechados e com aglomeração. E se você tem comorbidades ou convive com alguém que tem, não deixe de se vacinar, nem de usar máscara.
Vacina, higiene e máscara
Desde que a pandemia começou no Brasil, já morreram 701.494 pessoas. Sabemos que, mais da metade dessas mortes, poderiam ter sido evitadas caso o governo federal tivesse priorizado a vida e não debochado dela.
De forma irresponsável, mas coerente com as orientações do governo Bolsonaro, em abril de 2022, o então Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, decretou o fim do estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin)! O negacionismo corria solto no país, a ideia de terra plana também, portanto, tanta gente vacilou e talvez, neste último ano, algumas pessoas tenham morrido por descuido.
Com o novo governo, desde janeiro esse pesadelo parece distante, mas digo isso talvez porque não perdi familiares nem amigos, eu sei. De todo modo, o perigo maior passou. Agora, é só adotar algumas medidas para garantir que esse número não volte a crescer exponencialmente.
Em fevereiro, Lula lançou a campanha de vacinação com a vacina bivalente, voltada apenas para os idosos, pessoas com comorbidades, entre outras, mas agora é extensiva a todas as idades. Pressione seu estado ou município, caso ainda não esteja liberada onde você mora.
“Precisamos estar preparados para novas epidemais”
Em entrevista à Globo News, Margareth Dalcomo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e pesquisadora sênior da Fiocruz, declarou que o decreto da OMS é apenas formal e não muda muita coisa do ponto de vista prático. Mas ela espera que essa decisão não afete “medidas que facilitam o acesso a insumos, vacinas e outros procedimentos, principalmente por países mais pobres”.
“Espero que isso [o fim da emergência] não implique em uma dificuldade de acesso às vacinas e todos os procedimentos que são necessários. É preciso reconhecer que a transmissão epidêmica está controlada, com as altas coberturas vacinais que conseguimos. Mas isso implica que medidas sanitárias, coletivas e individuais sejam mantidas”.
Por fim, a pesquisadora disse que acha pouco provável que uma nova emergência de saúde relacionada à covid seja necessária, mas que sempre existe uma probabilidade, e precisamos estar preparados para novas epidemias.
“A Covid não foi a última. Nós sabemos que temos pela frente a expectativa que possamos ter outras”.
Fontes: OMS, ONU, G1