Ele tem menos de 3 centímetros, mas consegue realizar um feito incrível: o sapo-grilo (Acris crepitans) ‘desliza’ sobre a água. Pelo menos esta é a maneira como a impressionante capacidade desse anfíbio de se movimentar sobre corpos d’água vem sendo descrita há décadas (e de algumas outras espécies também).
Intrigados em descobrir como exatamente esses animais se movem nessas condições, pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade Virginia Tech, dos Estados Unidos, decidiram investigar o segredo por trás do caminhar mágico. Eles acreditam que essa habilidade do sapo-grilo pode ser usada no desenvolvimento de novas ferramentas para áreas como a robótica ou a de navegação.
Para tentar entender como esse minúsculo anfíbio, um dos menores sapos observados na América do Norte, se locomove sobre a água, os pesquisadores usaram videografia de alta velocidade. Com câmeras que gravam até 500 quadros por segundo, eles registraram o animal saltando, observando o movimento de suas pernas.
A gravação foi então desacelerada para uma pequena fração da velocidade original. E aí descobriu-se o pulo do gato. Ou melhor, o pulo do sapo! Na verdade, esses anfíbios afundam na água a cada pulo, perceberam surpresos os pesquisadores. Contudo, o movimento é tão rápido que o olhar humano mal percebe.
“É fascinante como podemos ser enganados facilmente por movimentos rápidos de animais”, diz Jake Socha, professor da Escola de Engenharia da Virgina Tech e principal autor da pesquisa. “Aqui, somos enganados por um sapo que parece uma pedra saltitante, mas na verdade está pulando e mergulhando várias vezes seguidas. Sapos são ótimos saltadores, mas a maioria deles não exibe esse comportamento de saltar, e ainda não sabemos o porquê. Há algo especial no salto do sapo ou é simplesmente uma questão de tamanho corporal pequeno?”
Os pesquisadores comparam o movimento feito pelo sapo-grilo com aquele de golfinhos, no mar, ao saltar no ar saindo debaixo da água.
Segundo eles, em pouco mais de um segundo, ainda completamente submerso, o sapo consegue “decolar”, estendendo suas patas em um impulso subaquático para impulsionar seu corpo acima da superfície. As traseiras permaneceram estendidas enquanto se move pelo ar e as dianteiras se movem devido à pressão contra o corpo para alcançar a frente. “As patas dianteiras estendidas são as primeiras a atingir a água na reentrada, e as patas traseiras ainda estão estendidas enquanto ele afunda. Conforme mergulha, as traseiras se retraem e se dobram para trás em uma posição de salto. Outro pulo é executado, repetindo o movimento”, descrevem os autores da descoberta.
De acordo com a equipe da Virgina Tech, foi possível contabilizar até oito saltos seguidos em menos de um segundo. Simplesmente impressionante!
Confira abaixo o vídeo que mostra o segredo sendo desvendado:
Can frogs walk on water? To some, it may appear so.
Virginia Tech professor Jake Socha leads a research team that studies the cricket frog’s unique ability to “skitter.”
Here’s how they do it. ➡️ https://t.co/ZxQ9swqe12 pic.twitter.com/Qldhd4TPoh
— Virginia Tech (@virginia_tech) January 9, 2025
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Foto de abertura: Jake Socha
