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Cientistas acreditavam que esses animais não se comunicavam… Mas eles estavam enganados!

Cientistas acreditavam que esses animais não se comunicavam... Mas eles estavam enganados

No mundo dos animais, muitos vertebrados que possuem pulmões criam sons através de estruturas em suas gargantas quando empurram o ar através desses órgãos. Todavia, para algumas espécies, por muito tempo cientistas acreditaram que esses sons eram produzidos de forma não intencional, ou seja, por acidente ou estavam sendo usados somente como instrumento de defesa. Isso significava que eles não tinham a capacidade de se comunicar vocalmente. É o caso, por exemplo, das tartarugas.

Todavia, um estudo recente vem provar que esses cientistas estavam errados. 53 espécies de quatro clados (grupo de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo)tartarugas, um réptil, um anfíbio e um peixe pulmonado – conseguem sim se comunicar. Talvez o que acontecia é que até então nós é que não tínhamos a capacidade ou o conhecimento ainda para ouví-los.

Como parte de um estudo para determinar quando a comunicação acústica surgiu na história evolutiva, um grupo de pesquisadores de vários países, incluindo de instituições brasileiras, e liderado por uma equipe da Universidade de Zurique, conseguiu demonstrar que essas 53 espécies apresentam habilidades acústicas.

“A comunicação acústica, amplamente distribuída ao longo da filogenia dos vertebrados, desempenha um papel fundamental no cuidado parental, na atração do parceiro e em vários outros tipos de comportamentos”, explicam os autores do estudo, publicado na Nature Communications.

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Segundo o artigo científico, 50 das espécies que agora sabe-se que não mudas são de tartarugas, representando mais de 54% de todos os gêneros e mais de 14% de todas as existentes. Além desses quelônios, foram registrados repertórios acústicos variados, compostos por uma série de sons diferentes, em tuataras (Sphenodon punctatus), um réptil endêmico da Nova Zelândia, uma espécie de anfíbio (Typhlonectes compressicauda), encontrada inclusive na Floresta Amazônica, no Brasil, e a piramboia (Lepidosiren paradoxa), um peixe pulmonado, também da Bacia Amazônica.

A piramboia, espécie que também emite sons para se comunicar

A descoberta atesta, finalmente, que não são apenas vertebrados terrestres como aves e mamíferos que utilizam a comunicação para diversos fins, mas também répteis, anfíbios e peixes.

Com isso, os pesquisadores sugerem como a habilidade de se comunicar entre esses animais surgiu há cerca de 400 milhões de anos.

“Conseguimos reconstruir a comunicação acústica como um traço compartilhado entre esses animais, que é pelo menos tão antigo quanto seu último ancestral comum, que viveu aproximadamente 407 milhões de anos antes do presente”, explica o paleontologista Marcelo Sánchez, um dos co-autores do estudo.

O tuatara, espécie que só existe na Nova Zelândia
(Foto: Judi Lapsley Miller, CC BY 4.0, via Wikimedia Commons)

*Com informações da Universidade de Zurique

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Fotos do mosaico de abertura: tartaruga (rawpixel) e piramboia/wikimedia

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