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Centenas de coalas são abatidos pelo ar após incêndio em floresta onde viviam

Centenas de coalas são abatidos pelo ar após incêndio em floresta onde viviam

Após um incêndio que queimou cerca de 20% do Parque Nacional de Budj Bim, no estado de Victoria, no sudeste da Austrália, em março, autoridades tomaram a polêmica decisão recentemente de abater entre 600 e 700 coalas que viviam no local. O que gerou a maior controvérsia foi o método escolhido: atiradores em helicópteros mataram os animais. É a primeira vez que ele é utilizado no país.

Segundo as autoridades locais, os coalas precisaram ser mortos porque sofreram graves queimaduras e tinham inalado muita fumaça. Além disso, as espécies de árvores que servem de alimento a eles tinham sido consumidas pelo fogo. O objetivo do abate seria diminuir ainda mais o sofrimento dos animais.

Ainda de acordo com o Departamento de Energia, Meio Ambiente e Clima de Vitória, que autorização a operação, antes do abate foi realizado um voo teste, onde os atiradores usaram binóculos para identificar os coalas debilitados e especialistas em vida selvagem e médicos veterinários aprovaram a ação, após examinarem os corpos daqueles que tinham sido mortos e comprovarem que eles estavam em situação muito ruim.

“As opções eram simplesmente deixá-los se deteriorar ou tomar medidas proativas para reduzir o sofrimento usando avaliações aéreas”, afirmou James Todd, diretor de biodiversidade do órgão ambiental de Vitória, em entrevista ao jornal The Guardian.

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Todavia a matança foi bastante criticada. Primeiramente, questionou-se por que não houve suplementação extra de alimentos e avaliação dos coalas em terra. E depois, sobre o método usado.

“O abate aéreo de coalas estabelece um precedente ético indecente. Não houve avaliações de saúde adequadas dos adultos ou que se considerasse o destino dos possíveis filhotes”, declarou a Friends of the Earth Melbourne.

“Não está claro como o abate aéreo de um helicóptero está em conformidade com os planos de bem-estar animal e resposta do governo estadual para a vida selvagem em desastres. O governo de Vitória precisa explicar por que está realizando o abate aéreo e por que o fez sem anunciar publicamente. O incidente aponta para falhas contínuas no manejo desses marsupiais icônicos, que já estão ameaçados em outros estados”, ressaltam Liz Hicks e Ashleigh Best, especialistas em direito na Universidade de Melbourne, em artigo no site The Conversation.

Em 2022, os coalas foram declarados oficialmente ameaçados de extinção em várias regiões da Austrália, entre elas a Nova Gales do Sul, Queensland e no território da capital australiana. Em Vitória a população da espécie se mostra estável, entretanto, ela é densamente concentrada em algumas áreas, como é o caso do Parque Nacional de Budj Bim, onde estima-se que estejam abrigados entre 2 e 3 mil indivíduos – o que em caso de desastres naturais torna-se um problema.

Coalas: luta pela sobrevivência

Acredita-se que os coalas (Phascolarctos cinereus) evoluíram no continente australiano durante o período em que a Austrália começou a se deslocar lentamente para o norte, separando-se gradualmente da massa terrestre antártica, há cerca de 45 milhões de anos.

Restos fósseis de animais semelhantes a eles foram encontrados datando de 25 milhões de anos atrás. À medida que o clima mudou e a Austrália se tornou mais seca, a vegetação mudou para o que conhecemos hoje como eucalipto, tornando-se a fonte de alimento desses marsupiais.

Antes dos primeiros europeus chegarem ao continente, por volta de 1788, milhões e milhões de coalas viviam nele. Todavia, ao longo dos últimos 230 anos, o impacto das atividades humanas, assim como a perda das florestas, reduziu a população de coalas a números alarmantes.

E não foi só isso. Durante muitas décadas, ao redor de 1900, a pele do coala era exportada para a Europa. Milhões desses pequenos e inofensivos animais foram mortos para atender a demanda, ou melhor, a vaidade do homem.

Em 1924, a espécie já estava extinta no sul da Austrália. Apenas no final da década de 30, devido à revolta popular, foi declarado pelo governo o status de “animal sob proteção”.

*Com informações adicionais dos sites Discover Wildlife, Liberal Victoria e Smithsonian Magazine

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Foto de abertura: Cris Saur on Unsplash

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