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‘Caminhando em seus sapatos’: instalação, que emocionou milhares de pessoas pelo mundo, volta a São Paulo e convida à prática da empatia

'Caminhando em seus sapatos': instalação, que emocionou milhares de pessoas pelo mundo, volta a São Paulo e convida à prática da empatia

Já contei sobre este projeto comovente – Caminhando em Seus Sapatos -, de autoria do filósofo e escritor inglês Roman Krznaric, do Museu da Empatia: a primeira foi em 2015, quando descobri o projeto, e, a segunda, em 2017, quando a iniciativa chegou a São Paulo e se instalou no Parque Ibirapuera com uma enorme caixa de sapatos, impactando cerca de 9 mil pessoas.

Agora, o projeto volta à capital paulista, trazido pelo Intermuseus, e ocupa um espaço num casarão lindo na movimentada Avenida Paulista: a Casa das Rosas, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis.

Idealizada pela artista plástica inglesa Clare Patey, a caixa de sapatos gigante foi instalada no jardim do museu e convida os frequentadores a participar da experiência inusitada.

Dentro da instalação, há diversas caixas com pares de sapatos e fones de ouvido. Eles guardam 26 depoimentos que refletem dilemas e questões de pessoas de diferentes idades, origens, classes sociais, gêneros e etnias.

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Ao escolher um par, o visitante se prontifica a ouvir uma história tocante, a conhecer uma outra visão de mundo, a se colocar no lugar do outro, a ter empatia.

O participante se compromete a conhecer a história de uma pessoa desconhecida “e especificidades de sua experiência como parte de uma cultura democrática e pluralista“, destaca o projeto.

Assim que calça os sapatos escolhidos, o visitante coloca os fones de ouvido e sai pelo espaço ouvindo a história de quem, um dia, usou aquele par.

Dessa forma, o projeto propõe a ressignificação de valores pessoais por meio de histórias e dilemas reais – incluindo-se perdas, superação, luto, amor, preconceitos, exclusões, desigualdade social –, que, muitas vezes, passam despercebidas no cotidiano do participante”.

A experiência estimula a compreensão sobre a importância da escuta e faz uma provocação (um convite?) ao exercício da empatia e da conexão com os direitos humanos, além do respeito às diferenças.

“Mais do que nunca, o incentivo ao exercício da empatia nos parece imprescindível pois, ao provocar uma escuta atenta do outro, nos provoca a reconhecermos que somos parte de um universo maior, de nossa humanidade”, explica Andréa Buoro, do Intermuseus, que completa:

“Este é o princípio dessa exposição que procura provocar o público a olhar o mundo a partir dos olhos (e sentimentos) de outras pessoas. É um convite a pensar de maneiras diversas a realidade em que vivemos para, cada vez mais, estabelecer o diálogo entre diferentes indivíduos, experiências de vida e grupos sociais diversos”.

A enorme caixa de sapatos instalada no Parque Ibirapuera e alguns dos participantes do projeto, ao lado do Pavilhão da Bienal / Foto: Filipa Porto, divulgação

Gordofogia, refúgio político e adoção, entre os temas

Quem aceitar o convite para caminhar com sapatos alheios pode se deparar com a história de uma jovem e sua luta contra a gordofobia.

Ou a do pai de uma jovem transexual que relata a sua trajetória de sofrimento e aceitação diante do fato. Ou, ainda, a de um refugiado político congolês que compartilha dificuldades e aflições em relação à família e o processo de adaptação no Brasil, destacando temas como reinserção profissional, multiculturalismo e amizade.

Questões sobre maternidade, adoção e família são levantadas no depoimento de uma mãe que resolve adotar uma criança.

E as adversidades enfrentadas pela líder de um movimento por moradia em São Paulo ou pela mãe que perdeu o filho assassinado pela polícia, ou ainda por um ex-presidiário sobrevivente do Pavilhão 9 do Carandiru são reveladas nesta linda vivência que nos leva em direção à empatia e ao sentimento de coletividade.

Inscrições, horário e atividade paralela

Para evitar aglomerações, devido aos protocolos da covid-19, os interessados devem fazer inscrição por meio de formulário online. Mas quem passar pelo local, de forma espontânea, e se interessar em participar, não sairá de lá sem passar pela experiência, preenchendo horários disponíveis.

A instalação funciona de quarta a domingo, das 9h às 19h. Às terças, o coletivo de educadoras O que cabe aqui? circula com uma unidade móvel levando parte da instalação para escolas da cidade.

Em 21 de setembro, das 14h às 15h, o Núcleo de Ação Educativa do museu Casa das Rosas realizará uma oficina de colagem que dialogará com a instalação/exposição. Com o título A Colagem como Movimento de Ruptura e Expressão, a atividade tem a empatia como tema e terá início com uma roda de conversa. Os interessados devem se inscrever no site do museu. 

Os 26 depoimentos que compõem o projeto foram produzidos pelo Intermuseus, que divide a curadoria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos, o Instituto Alana e o Núcleo de Antropologia Urbana da USP, além do programa Criamundi.

Serviço

Caminhando em seus sapatos…
Local: Jardim da Casa das Rosas – Av. Paulista, 37, Bela Vista, São Paulo, SP
Período: 27 de agosto a 25 de setembro de 2022
Dias e horário: de quarta à sábado, das 9h às 19h.
Inscrições: Sympla 
Mais informações: empatiaonline@intermuseus.org.br

'Caminhando em seus sapatos': instalação, que emocionou milhares de pessoas pelo mundo, volta a São Paulo e convida à prática da empatia
Foto: Museu da Empatia/divulgação

Foto: Intermuseus/divulgação

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