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Biólogos celebram nascimento de filhotes de sagui-da-serra-escuro, espécie ameaçada de extinção

Biólogos celebram nascimento de filhotes de sagui-da-serra-escuro, espécie ameaçada de extinção

Por Flávia Albuquerque*

Prestes a completar um mês de nascimento, dois filhotes de sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) são motivo de comemoração no Zoológico de São Paulo, já que a espécie está ameaçada de extinção. Filhos do casal Rolo e Scarlet, que chegaram à instituição no ano passado, eles são os primeiros a nascer no local e representam avanço significativo na conservação da fauna brasileira.

O casal passou a integrar a área de visitação do Zoo neste ano e a rotina da família é acompanhada de perto pela equipe técnica. Os cuidados seguem as recomendações do programa de conservação, vinculado ao Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da preguiça-de-coleira, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“Não interferimos nos cuidados, a menos que seja necessário, e a Scarlet está se saindo uma ótima mãe. É o pai quem carrega os filhotes, enquanto a mãe cuida dos bebês no momento da amamentação. Estamos muito felizes com o crescimento da família. É a primeira vez que mantemos essa espécie, e o nascimento desses filhotes representa a consolidação do nosso trabalho pela conservação. É importante manter uma população de segurança que, no futuro, poderá contribuir com ações na natureza, se necessário”, afirma Luan Moraes, biólogo chefe do setor de mamíferos.

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O especialista explica que esses primatas, popularmente conhecidos como sagui-caveirinha, são nativos de pequenas áreas da Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Eles desempenham papéis ecológicos cruciais, como a dispersão de sementes e o controle de insetos, sendo fundamentais para o equilíbrio do ecossistema e a manutenção da biodiversidade.

No entanto, a sobrevivência do sagui-da-serra-escuro está ameaçada por diversos fatores, como expansão urbana, incêndios florestais, desmatamento e competição com espécies invasoras. Atualmente, a espécie é classificada como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Biólogos celebram nascimento de filhotes de sagui-da-serra-escuro, espécie ameaçada de extinção
O sagui-da-serra-escuro é um primata pequeno e raro, endêmico da Mata Atlântica,
e está listado como em perigo de extinção
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Os saguis-da-serra-escuro Rolo e Scarlet não foram os primeiros primatas a se reproduzirem no Zoo de São Paulo. Antes deles, a área de Moraes já teve sucesso na reprodução de micos-leões, o que concretiza o sucesso do manejo dos técnicos e o sinal de que eles estão no caminho certo. Segundo ele, o cuidado correto com as espécies em extinção é extremamente importante porque permite que se crie uma população de backup, que é nada mais nada menos do que uma reserva de indivíduos que podem ser soltos na natureza, caso haja necessidade.

“Não só com os saguis, mas em toda espécie ameaçada é importante cuidar do que a gente chama ex-situ, que significa, conservação fora do lugar de origem, do ambiente natural, seja ele em zoológico ou por criadores, porque podemos promover uma população que chamamos de backup. Caso ocorra alguma extinção na natureza, temos esses indivíduos que podemos reintroduzir. Aqui no zoológico temos essas populações e já houve solturas”, ressalta.

O biólogo se refere à arara-azul-de-lear, que já esteve em alto grau de ameaça de extinção e foi recuperada. Com essa espécie, o zoológico já trabalha há muitos anos fazendo manejo de conservação integrado com o Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-azul-de-lear, que trabalha em campo, unindo as ações ex-situ e as ações in-situ. No Zoo de São Paulo é feito todo o processo de incubação de ovos, maximizando o número de filhotes das espécies ameaçadas.

“Nossa função aqui com essas espécies ameaçadas é ter uma população de segurança. Nós nunca sabemos como e quando uma espécie estará no seu grau de ameaça. Hoje, posso ter uma delas que não está ameaçada, mas por conta de um desastre natural ou problemas como, por exemplo, a queimada do Pantanal, não sabemos se isso pode acarretar ameaça para aquelas que lá habitam. Caso a área precise de revigoramento, conseguimos fornecer esses animais para soltura”, explica Fernanda Vaz Guida, bióloga chefe do setor de aves.

*Texto publicado originalmente no site da Agência Brasil em 06/11/24

Foto de abertura: divulgação Zoológico de São Paulo

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