Como contei aqui no passado, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estava com tudo pronto para permitir exploração de petróleo e gás no Alaska, mais especificamente, no Arctic National Wildlife Refuge, uma área de mais de 7 milhões de hectares, protegida há 60 anos, no Ártico. Na época, segundo comunicado do Departamento de Estado americano, até o final de 2020 deveriam ser realizados os primeiros leilões para exploração e perfuração na região.
Felizmente, Trump perdeu as eleições e assim que assumiu o governo, Joe Biden decretou uma moratória, logo em seu primeiro dia na Casa Branca, para a concessão de qualquer tipo de licença para a exploração de petróleo e gás no Arctic National Wildlife Refuge.
E na semana passada, Biden anunciou a suspensão a abertura de novas licitações para exploração petrolífera naquela área.
“Apoiamos fortemente o compromisso da administração de Biden com a preservação do Arctic National Wildlife Refuge, uma das últimas grandes extensões de áreas selvagens intocadas na América. Todavia, ainda há mais a ser feito. Até que as licenças sejam canceladas, elas permanecerão uma ameaça. Agora esperamos que o governo e o Congresso priorizem legislativamente revogar o mandato de arrendamento de petróleo e restaurar as proteções à planície costeira do Refúgio Ártico”, ressaltou y Kristen Miller, diretora executiva da Alaska Wilderness League.
A organização foi uma das muitas entidades que abriram um processo contra o governo de Donald Trump em agosto do ano passado tentando impedir várias medidas do ex-presidente contra a proteção do meio ambiente e da vida selvagem.
O refúgio natural do Alaska é habitat de lobos, ursos polares e de caribus (renas), assim como importante rota migratória de diversas espécies. Além disso, é considerado terra sagrada para as etnias indígenas Gwich’in e Iñupiat.
O Ártico é uma das regiões do planeta que mais tem sofrido com as alterações no clima. Em alguns anos recentes o continente já apresentou temperatura entre 20oC e 30oC acima do normal.
Como já explicamos nesta outra reportagem, o fato é que o Ártico está perdendo a capacidade de reter suas massas de ar frias. O anel de ventos gelados que contorna o Polo Norte e aprisiona o ar frio em altas altitudes, chamado vórtice polar, vem perdendo a força e deixando escapar parte do frio para regiões de clima temperado.
Um caribu no Arctic National Wildlife Refuge
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Foto: A. Zuelke/USFWS (abertura) e D. Brigida (caribu)