Nosso relacionamento com a natureza está em desequilíbrio. Esta é a principal conclusão e alerta que faz o relatório recém-divulgado pela organização internacional WWF – “Planeta Vivo 2020“. De acordo com o levantamento, houve um declínio de 68% nas populações de mamíferos, aves, peixes, anfíbios e répteis, no mundo todo, entre os anos de 1970 e 2016.
Todavia, quando se olha para regiões específicas, o estudo traz um dado extremamente perturbador: na América Latina e no Caribe, a queda no número de indivíduos dessas espécies chega a 94% – muito maior do que em qualquer outro lugar do planeta.
Em termos de comparação, a África é o continente que apresenta a segunda maior perda, com 65%, e na Ásia e Pacífico, a porcentagem é de 45%. Não que sejam números mais animadores, mas as estatísticas latinas e caribenhas são assustadoras.
“Ao olhar para o tamanho do estrago que causamos à vida no planeta nas últimas décadas, o novo relatório nos obriga a refletir sobre o que fazemos hoje e o que podemos esperar adiante. As atuais taxas de desmatamento na Amazônia e no Cerrado nos conduzirão a mais secas, queimadas, desaparecimento de espécies, novas doenças e vidas humanas ameaçadas”, afirma Mariana Napolitano, gerente do Programa de Ciências do WWF-Brasil. “A opção que governos, empresas e sociedade fizerem agora irá determinar nosso futuro. É hora de escolher de que lado estamos”, ressalta.
Europa e Ásia Central são as regiões com os mais baixos índices
de perda de biodiversidade
Agropecuária, crise climática e tráfico de animais
Para os especialistas envolvidos na elaboração do “Planeta Vivo 2020” a queda brutal nas populações de animais em áreas tropicais da América se deve, sobretudo, à conversão de campos naturais, savanas, florestas e pântanos em solo para pastagem e cultivo agrícola, a introdução de espécies exóticas, a comercialização de animais silvestres e também, aos efeitos das mudanças climáticas.
Apesar de sempre termos em mente os “grandes africanos” quando falamos em extinção de espécies, como elefantes, leões e rinocerontes, o relatório mostra que, no caso de Caribe e América Latina, são répteis, anfíbios e peixes, os mais impactados.
“Para peixes de água doce, isso se deve principalmente à superexploração; para répteis, o problema é a perda de habitat; e, para os anfíbios, a maior ameaça são as doenças”, apontam os pesquisadores.
No Brasil, um exemplo triste dessa realidade é a Mata Atlântica, que desde 1500 já perdeu 87% da sua vegetação. Como consequência, pelo menos duas espécies de anfíbios foram extintas neste bioma e outras 46 estão ameaçadas de desaparecer.
Esforços de conservação e mudanças de hábitos
O Índice Planeta Vivo (IPV) foi lançado, pela primeira vez, em 2018. Para esta edição, foram analisadas quase 21 mil populações de mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios no mundo inteiro. Com esses dados, calcula-se a mudança percentual média nas populações desde a década de 70. No relatório de 2020, foram incluídas cerca de 400 novas espécies e 4.870 novas populações.
“A destruição da natureza pela humanidade está provocando impactos catastróficos não apenas nas populações de animais, mas também na saúde humana e em todos os aspectos de nossas vidas”, lamenta Marco Lambertini, diretor-geral do WWF-International.
Entretanto, o relatório “Planeta Vivo 2020” não fala apenas dos problemas, mas também, recomenda soluções. Há a menção a um artigo publicado na renomada revista científica Nature, fruto de uma parceria entre o WWF e mais de 40 ONGs e instituições acadêmicas. Nele, especialistas afirmam que esse cenário de destruição pode ser revertido, mas são necessários esforços de conservação mais ousados e ambiciosos e mudanças na maneira como produzimos e consumimos alimentos.
Um dos casos citados como exemplo de preservação é a recuperação da população de onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. O trabalho feito pelo Projeto Onças do Iguaçu tem se mostrado extremamente bem-sucedido.
A espécie desse felino foi quase foi extinta na década de 90 no estado. Estimativas indicavam que, em 2009, eram apenas onze indivíduos. Graças ao programa de conservação, em 2018 esse número subiu para 28. E no ano passado, foram identificadas dez novas onças no parque, incluindo três filhotes.
*O relatório completo você encontra neste link.
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Foto: © naturepl.com/Alex Mustard/WWF
Não é pra menos. Qual mamifero, ave, anfíbio, réptil ou peixe vai ser louco o bastante para mergulhar de cara nesse inferno chamado Planeta Terra, com exceção do mamífero terráqueo que perdeu a noção, faz tempo, e por isso está aumentando o índice populacional do mundo , sem o espaço, basicamente saudável onde instalar os bebês da sua espécie ainda não extinta, mas falta pouco.