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Orcas em parque aquático fechado, na França, vivem em piscinas infestadas de algas

Orcas em parque aquático fechado, na França, vivem em piscinas infestadas de algas

As orcas Wikie, de 23 anos, e seu filho Keijo, de 11 anos, vivem com 12 golfinhos-nariz-de-garrafa no Marineland Antibes, desde 5 de janeiro, quando o parque aquático da Riviera Francesa, no sul do país, foi fechado (contamos aqui).

O encerramento das atividades se deu em conformidade com a lei francesa decretada em 2021 para shows com golfinhos e baleias: todos os parques do país têm até dezembro de 2026 para encontrarem lares adequados para seus animais.que deu a todos os parques o prazo de dezembro de 2026 para encontrarem lares adequados para seus animais.

Quando o parque fechou, havia 4 mil animais de 150 espécies; a maioria foi realocada, alguns morreram, e Wikie, Keijo e os golfinhos sobraram. Desde então, a situação desses animais ganhou ainda maior dimensão dramática. 

Imagens aéreas comoventes – registradas pela organização de proteção animal Tide Breakers, no início deste mês – mostram os cetáceos circulando sem parar em tanques sujos e infestados de algas.

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Orcas em parque aquático fechado, na França, vivem em piscinas infestadas de algas
Wikie e Keijo nadam incessantemente de um tanque para o outro, em meio à infestação de algas
Foto: reproducao de vídeo

De acordo com a administração do Marineland, as algas visíveis nas imagens são um fenômeno normal pois os poros de algas presentes na água do mar filtrada, que enche as piscinas, se desenvolvem a cada primavera, à medida que a água esquenta. “Elas não são prejudiciais aos animais e são regularmente removidas com escovação”.

Hoje, apenas uma equipe mínima trabalha para alimentá-los, e ativistas dizem que as orcas estão presas em condições precárias, alertando que elas podem adoecer, não só devido à sujeira, mas também à falta de estímulo mental. Com pouca ou nenhuma interação humana, elas não ficam apenas entediadas, mas sofrendo.

Vale destacar que, dois membros da família de Wikie e Keijo morreram com cinco meses de diferença, quando Marineland ainda estava em funcionamento.

Moana, irmã mais velha de Keijo, morreu aos 12 anos em outubro de 2023 devido a uma infecção bacteriana em sua corrente sanguínea, possivelmente contraída de peixes contaminados. Já Inouk, irmão de Wikie, morreu aos 25 anos em março do ano passado, após ingerir um corpo estranho metálico que provavelmente caiu na piscina. Mas antes disso, ele já apresentava uma barbatana dorsal colapsada e nenhum dente por roer as paredes do tanque.

Até agora, nada”

“A situação no Marineland Antibes é uma emergência e precisa de atenção mundial”, alerta Marketa Schusterova, fotógrafa, videomaker, documentarista e uma das fundadoras da Tide Breakers. “Estas são as duas últimas orcas em cativeiro na França e devem ser transferidas rapidamente”.

No entanto, as tentativas do parque para encontrar uma solução emergencial com a equipe da ministra do Meio Ambiente da França, Agnes Pannier-Runacher, até agora não deram em nada. E os esforços das organizações animalistas também não foram exitosos.

O destino mais provável era o Loro Parque, um zoológico marinho em Tenerife, na Espanha, no entanto, as autoridades francesas e espanholas rejeitaram o plano devido a restrições de espaço. O parque já abriga quatro orcas, incluindo uma recém-nascida em março, e chegou-se à conclusão que o parque não atenderia aos já reduzidos requisitos mínimos para acomodar mais duas baleias.

O Marineland esperava transferir as orcas para um zoológico marinho no Japão, mas o governo francês bloqueou o acordo porque o país não segue padrões de bem-estar animal suficientemente rigorosos, o que poderia ameaçar o bem-estar de Wikie e Keijo.

Santuário de Baleias: esperança?

Pannier-Runacher comentou recentemente que o projeto do santuário de Taranto, na Itália, tem o apoio das autoridades e “pode ​​estar pronto em um ano”, mas ele ainda não começou a ser construído e, portanto, não é uma opção para este momento. Essa solução pode custar entre US$ 2,2 e US$ 3,3 milhões por ano.

Por outro lado, chegou-se a discutir a transferência das orcas para local do Projeto Santuário de Baleias (The Whale Sanctuary Project), na Nova Escócia, Canadá, mas a ideia foi rejeitada pelo Ministério da Ecologia da França, no início do ano.  

A presidente do santuário, Lori Marino, renovou o pedido, está em campanha e diz que esta é “única opção restante”. De acordo com ela, o local oferece mais espaço para que as orcas circulem do que o tanque no qual vivem atualmente.

Além disso, ela enfatiza: “Temos uma equipe inteira que sabe como construir e administrar um santuário”. E acrescenta: “Eles já fizeram isso antes, e acho que somos a única equipe com experiência nisso”.

Segundo o New York Post a equipe de Lori conta com especialistas que atuaram no santuário de baleias projetado para abrigar Keiko, a orca que estrelou o filme Free Willy, em 1993.

O tempo está se esgotando 

Os administradores do Marineland, que ainda são os responsáveis legais pelos animais, alertam que as orcas “precisam partir agora” para seu próprio bem-estar. “Reafirmamos a extrema urgência de transferir os animais para um destino operacional”.

Schusterova, da Tide Breakers, lembra que soltar Wikie e seu filho na natureza não é uma opção, pois os dois “nasceram em cativeiro” e, portanto, não sobreviveriam por muito tempo. Mas “deixá-los em uma instalação fechada, confinados em um tanque decrépito, em ruínas, também não é opção”. 

O governo francês diz que a realocação de Wikie e Keijo pode levar, no mínimo, um ano, enquanto um lar adequado é encontrado. Mas as orcas podem não sobreviver tanto tempo.

“Depois de entreter o público por anos, devemos oferecer a eles um ambiente limpo e seguro para viverem o resto de seus anos”, destaca Lori. Caso as duas orcas adoeçam, “provavelmente serão sacrificadas ou sucumbirão à deterioração do ambiente”.

Conferência dos Oceanos, pertinho de Wikie e Keijo

Será uma vergonha para a França e todos os envolvidos nesse caso se, em 9 de junho, a Conferência Oceânica das Nações Unidas começar, em Nice, a apenas 22 km do Marineland Antibes, e Wikie e Keijo continuarem presos em seus tanques ou tiverem morrido.

Até o dia 13, líderes mundiais e especialistas em oceanos estão reunidos para defender a vida marinha, ou seja, também a vida de dois dos animais mais inteligentes e emocionalmente complexos do mundo, que estão sofrendo devido à negligência humana.

A realização do evento poderia ser uma ótima oportunidade para pressionar as autoridades francesas por uma decisão viável e rápida. Quem sabe…

A seguir, assista ao vídeo registrado pela organização Tide Breakers, que mostra a situacao em que vivem Wikie e Keijo:

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Com informações do New York Post e EarthDay

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