
2025 será certamente um ano inesquecível na carreira da bióloga brasileira Yara Barros. Há poucos dias, em Londres, a coordenadora executiva do Projeto Onças do Iguaçu esteve os pesquisadores escolhidos para receber o Whitley Awards 2025, considerado o maior prêmio internacional na área ambiental, concedido anualmente pelo Whitley Fund for Nature (WFN), fundação do Reino Unido, que seleciona “aqueles que se destacaram por seu empenho científico para a conservação da biodiversidade em países do Hemisfério Sul.”
Pois além do Whitley, Yara também está entre as cinco mulheres do mundo todo homenageadas com o WINGS Women of Discovery 2025, premiação que promove e financia o trabalho de pioneiras em suas áreas.
“Estamos felizes em revelar nossa primeira e incrível premiada: Dra. Yara Barros! Bióloga conservacionista brasileira apaixonada, Yara lidera o inovador Projeto Onças do Iguaçu, unindo ciência, comunidade e parcerias para proteger onças e os ecossistemas da Mata Atlântica brasileira. Com doutorado em Zoologia e décadas de dedicação, ela trabalhou com espécies icônicas como a ararinha-azul e moldou esforços nacionais de conservação. Seu trabalho nos inspira a sonhar alto e agir com ousadia por um futuro sustentável”, declarou o Wings em suas redes sociais há poucos dias.
O processo para a seleção dos vencedores do WINGS Women of Discovery é através da indicação de pesquisadoras que já receberam o prêmio. O nome de Yara Barros foi apresentado pela também brasileira, Patrícia Medici, coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB-Brasil), homenageada em 2024 (leia mais aqui).
“Para mim foi uma surpresa e uma enorme alegria”, disse Yara ao Conexão Planeta. “É muito emocionante estar recebendo esses dois prêmios, e é o reconhecimento do trabalho sendo feito por uma equipe super comprometida. É o sinal que estamos tendo resultados, fazendo a diferença e no caminho certo para a conservação da onça-pintada na Mata Atlântica.”
Há quase uma década Yara lidera a equipe do Onças do Iguaçu, iniciativa que monitora e estuda a população da espécie (Panthera onca) no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. O trabalho inclui ainda um esforço fundamental de educação ambiental com moradores e proprietários rurais da região, para transformar a percepção sobre esses animais, destacando sua importância para a biodiversidade, e tentando assim evitar a caça por retaliação.
Graças ao projeto, a onça-pintada, que quase foi extinta no sul do Brasil no início dos anos 2000, voltou a ser observada, andando livremente e com segurança pelas matas do parque. O censo mais recente realizado ali, em 2022, apontou que atualmente 93 delas (entre 73 e 122) têm como lar o chamado Corredor Verde do Brasil e da Argentina. No lado brasileiro, nos últimos 13 anos, o número de indivíduos aumentou de 11 para 25.

Foto: divulgação Whitley Fund for Nature
Além de seu trabalho no Parque Nacional do Iguaçu, Yara também coordena o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Grandes Felinos no Brasil e é membro da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), especializada em planejamento de conservação no país.
Em 2019, a bióloga já tinha recebido mais um reconhecimento internacional, ela foi a vencedora do Ron Magill Conservation Heroes Award, que identifica a contribuição excepcional de profissionais e projetos à conservação da fauna silvestre na América Latina e no Caribe.
A cerimônia de entrega do WINGS Women of Discovery acontecerá em 9 de novembro, durante um jantar de gala em Nova York, nos Estados Unidos.
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Fotos de abertura: divulgação Whitley Fund for Nature