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Redução na população de mais de 5 mil espécies de animais selvagens chega a 73%, alerta WWF

Redução na população de mais de 5 mil espécies de animais selvagens chega a 73%, alerta WWF

Entre 1994 e 2016, a população de botos da Amazônia caiu 65%, enquanto a de tucuxi teve uma redução de 75% na reserva Mamirauá, no Amazonas. Só em 2023, devido à grave seca e ao calor extremo na região, mais de 330 desses animais morreram em apenas dois lagos. Esse é um dos casos citados no relatório Planeta Vivo 2024, lançado nesta quinta-feira (10/10) pela organização internacional WWF.

Segundo o levantamento, o tamanho médio das populações de 5.495 espécies de animais selvagens sofreu uma catastrófica redução de 73% em apenas 50 anos (1970-2020). Todavia, o declínio é ainda maior quando se fala em América Latina e Caribe, com a porcentagem chegando a 95%.

Ainda de acordo com o relatório, o maior declínio da vida selvagem foi observado nos ecossistemas de água doce (-85%) – no ano passado, a IUCN já tinha alertado que 25% das espécies de peixes de água doce do planeta estavam em risco de extinção -, seguido pelos terrestres (-69%) e pelos marinhos (-56%). O estudo aponta a perda e degradação de habitat, impulsionada principalmente por nossos sistemas alimentares, como as principais ameaças, mas também o tráfico de animais silvestres, a presença de espécies invasoras e doenças, assim como as mudanças climáticas.

Gráfico mostra a queda alarmante das populações de vida selvagem
na América Latina e Caribe
Imagem: Planeta Vivo 2024 – WWF

“A natureza está emitindo um pedido de socorro. As crises interligadas de perda da natureza e mudanças climáticas estão empurrando a vida selvagem e os ecossistemas além de seus limites, com pontos de não retorno globais que ameaçam danificar os sistemas de apoio à vida na Terra e desestabilizar as sociedades”, alerta Kirsten Schuijt, diretora geral do WWF Internacional. “As consequências catastróficas de perder alguns dos nossos ecossistemas mais preciosos, como a Floresta Amazônica e os recifes de corais, seriam sentidas por pessoas e pela natureza ao redor do mundo.”

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O boto da Amazônia é uma das espécies que teve uma enorme redução
em seus números nas últimas décadas
Foto: WWF

Ainda há tempo de reverter esse cenário

O relatório está sendo lançado a poucos dias do início da Conferência de Biodiversidade das Nações Unidas, que será realizada em Cali, na Colômbia. Para os autores de Planeta Vivo 2024, é fundamental um grande esforço coletivo nos próximos cinco anos para enfrentar as crises climática e de biodiversidade.

“A perda de biodiversidade traz uma série de ameaças ao funcionamento dos ecossistemas e à qualidade de vida das pessoas. Sabemos que a contribuição de cada nação para as crises climáticas e ambientais é distinta”, afirma Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil. “É um equívoco imaginarmos que existe solução individual para esses problemas. Somente ecossistemas bem manejados, garantirão a existência de biodiversidade, água, polinizadores e estabilidade climática, por exemplo, e essa é uma realidade possível e que beneficiará de cidades a produtores rurais e os diversos setores econômicos da atividade humana”.

Ela ressalta ainda que o Brasil, pelas suas dimensões, biodiversidade e diversidade de povos e comunidades tradicionais, tem a responsabilidade e a oportunidade de ser um líder nessas transformações.

Apesar das estatísticas negativas serem a maioria no relatório do WWF, existem alguns exemplos bem-sucedidos mencionados, mostrando que, quando há boas estratégias implementadas, com o apoio do poder público e organizações não-governamentais, é possível reverter algumas situações. Entre esses casos estão o aumento de cerca de 3% ao ano, entre 2010 e 2016, da subpopulação de gorilas-das-montanhas, em Virunga, na África Oriental, e a reintrodução e translocação do bisão-europeu em dez países daquele continente. Entre 1950 e 2020, sua população passou de zero a 6.800 indivíduos.

Contudo, os autores envolvidos no documento reforçam que sucessos isolados não são suficientes.

“O Índice Planeta Vivo destaca a perda contínua de populações de vida selvagem globalmente, e esse esgotamento da árvore da vida nos coloca em risco de ultrapassarmos pontos de não retorno perigosos”, destaca Andrew Terry, diretor de conservação e Política da Sociedade Zoológica de Londres. “Não estamos condenados a sofrer essa perda. Sabemos o que fazer e sabemos que, se dada a chance, a natureza pode se recuperar − o que precisamos agora é de um aumento na ação e na ambição. Temos cinco anos para cumprir os compromissos internacionais de restaurar a natureza até 2030. Os líderes mundiais se reunirão em breve para a COP16 e precisamos ver respostas fortes deles e uma urgente ampliação dos recursos para alcançar esses compromissos e nos colocar de volta no caminho da recuperação.”

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Foto de abertura: reprodução vídeo Planeta Vivo 2024

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