Na última segunda-feira, 3 de julho de 2023, foi o dia mais quente do ano registrado no planeta, até então. A temperatura média global atingiu a marca de 17,01oC – ultrapassando o último recorde registrado em agosto de 2016: 16,92°C -, com ondas de calor que castigavam diferentes partes do Hemisfério Norte. Eis alguns exemplos:
- Nas últimas semanas, regiões do sul dos Estados Unidos têm sofrido com calor intenso e sensação térmica acima dos 40ºC, que já mataram 13 pessoas;
- A China tem registrado temperaturas acima dos 35°C;
- No norte da África, elas têm se mantido próximas dos 50°C;
- A Espanha viveu sua primeira onda de calor do verão, no final de junho, ultrapassando 44 °C ao sul (em especial em Andaluzia), de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet);
- Vietnã é um dos muitos países do sul e sudeste da Ásia que enfrentam temperaturas recordes, superiores a 37ºC (julho), principalmente na região de Hanói e ao norte do país. Devido a isso, produtores de arroz passaram a trabalhar à noite; e
- Mais de 100 pessoas morreram no norte do México, entre 12 e 25/6 devido ao calor extremo, divulgou o governo.
Esses dados foram divulgados pelos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, órgãos ligados à NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) e estão bem ilustrados no mapa do Climate Reanalyzer da Universidade do Maine, que usei para ilustrar este texto.
Nesse dia, a agência também registrou temperaturas anormais na Antártica, mesmo estando em seu período de inverno. A Base de Pesquisa Vernadsky, na Ucrânia, nas Ilhas Argentinas desse continente, quebrou recorde de temperatura nos primeiros dias de julho, com 8,7°C!
Para a cientista climática Friederike Otto, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Imperial College London, no Reino Unido, “este não é um marco para se comemorar: é uma sentença de morte para as pessoas e os ecossistemas”.
Os motivos de tanto calor
Mudanças climáticas e El Niño estão entre as causas apontadas por cientistas que destacam que, o segundo, já está estabelecido e impactando o padrão do clima global.
Para o IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da ONU, a temperatura da superfície global da Terra aumentou 1,1ºC no período de 2011 a 2020 devido às atividades humanas, resultando no aumento de incêndios florestais, inundações e reduziu a disponibilidade de alimentos em todo o mundo.
O cientista de pesquisa de Berkeley Earth, Zeke Hausfather, sentencia: “Infelizmente, este é apenas o primeiro de uma série de novos recordes que serão estabelecidos neste ano, à medida que as emissões crescentes de dióxido de carbono e gases de efeito estufa, juntamente com um evento de El Niño em desenvolvimento, empurram as temperaturas para níveis cada vez mais altos”.
Em comunicado, Jeni Miller, diretora executiva da Global Climate and Health Alliance, consórcio internacional de organizações de saúde, declarou que “em todo o mundo as pessoas já estão sofrendo impactos climáticos, desde ondas de calor, incêndios florestais e poluição do ar até inundações e tempestades extremas“.
E acrescentou: “O aquecimento global também está exacerbando as perdas de safra e a disseminação de doenças infecciosas, bem como a migração“.
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Fontes: NOAA, Clima Info
Imagem de destaque: Climate Reanalyzer