WeFood: supermercado que só vende produtos fora do prazo de validade é inaugurado na Dinamarca

consumidora do WeFood

Calma. Imagino que a primeira pergunta que você deve estar se fazendo ao ler esta notícia é: “como assim, comida estragada?”. Não, de jeito nenhum. Existe uma diferença entre o prazo de validade impresso nos alimentos e produtos que você encontra na prateleira dos supermercados e até quando eles realmente podem ser consumidos, de forma segura.

Nas lojas, o prazo de validade indica a data até quando aquele item pode ser vendido. Após aquele dia, ele tem que ser retirado de exposição. Isto não significa, de maneira alguma, que ele não esteja mais em condições de ser ingerido. Tanto é que em dezembro, a França aprovou uma lei obrigando todos os supermercados a doar alimentos fora do prazo da validade para instituições de caridade ou banco de alimentos (leia mais sobre esta história neste outro post).

Agora, uma nova iniciativa contra o fim ao desperdício de alimentos surge na Europa, desta vez, na Dinamarca. Acaba de ser inaugurado por lá o WeFood, um supermercado onde só são vendidos produtos com prazo de validade vencido ou que tenham problemas no rótulo ou na embalagem.

O mercado fica em Copenhague, capital do país. Para conseguir abrir as portas, os idealizadores lançaram uma campanha de crowdfunding no ano passado e conseguiram arrecadar DKK 1 milhão, o equivalente a R$ 580 mil.

O que é vendido no WeFood – frutas, verduras, pães, laticínios e outros produtos – tem garantia por lei de sua segurança para a saúde dos consumidores. Tudo é doado por outras grandes redes de alimentos, como a Føtex, com quem o novo supermercado fechou parceria. Nas prateleiras do WeFood, os itens são comercializados com descontos que variam entre 30% e 50%. O dinheiro arrecadado é revertido para a DanChurchAid, organização filantrópica dinamarquesa que ajuda comunidades carentes no mundo todo, mas sobretudo em países pobres da África e Ásia.

Os funcionários do mercado são todos voluntários. Alguns são responsáveis pela coleta dos alimentos doados e outros pelo atendimento na loja. E os clientes? Tanto pessoas interessadas nos descontos como aquelas que querem simplesmente dar um basta ao enorme desperdício de alimentos. Só na Dinamarca são jogadas fora 700 mil toneladas de comida todo ano. Enquanto isso, estima-se que 800 milhões de pessoas passem fome no mundo. Por serem simplesmente inaceitáveis números como estes é que surgiu a ideia do WeFood.

A expectativa dos idealizadores do projeto é que, caso ele seja bem sucedido em Copenhague, sejam criadas outras lojas no país. Pelas fotos que foram divulgadas na página do supermercado no Facebook, os dinamarqueses estão aprovando o negócio: antes da abertura da loja, já há filas de pessoas esperando para entrar. “É ridículo que comida seja simplesmente jogada no lixo. É ruim para o meio ambiente e é dinheiro desperdiçado”, afirmou Eva Hansen, Ministra do Meio Ambiente da Dinamarca, durante a inaguração do WeFood.

we-food-fila-800

Fila na porta do WeFood logo antes da abertura da loja

we-food-loja-800

Frutas, verduras, pães e laticínios que seriam jogados no lixo são vendidos com desconto

we-food-alimentos-800

Um basta ao desperdício: alimentos bons para consumo agora não são mais descartados


Leia também:
Feios por fora, bonitos e (deliciosos) por dentro
Alimentos “feios” dão oportunidades a pessoas necessitadas na Espanha
Gosta de carne, mas quer consumir menos? Tente o “reducitarianismo”

 

Fotos: divulgação WeFood

15 comentários em “WeFood: supermercado que só vende produtos fora do prazo de validade é inaugurado na Dinamarca

    • 9 de março de 2016 em 9:07 AM
      Permalink

      Reinaldo,
      Em alguns países, os produtos têm necessariamente que mencionar a validade para serem comercializados e a validade para o consumo, desta maneira o consumidor sabe até quando ele pode ser ingerido. Em casos de frutas e hortaliças, a data da validade é óbvia, pois depende do estado dos mesmos.
      Obrigada por curtir nosso site. Não esqueça também de nos acompanhar em nossas redes socias, no Facebook https://www.facebook.com/conexaoplaneta/ e Twitter https://twitter.com/conexaoplaneta
      Abraço,
      Suzana

      Resposta
  • 21 de abril de 2016 em 6:17 PM
    Permalink

    Iniciativa interessante, sem dúvida. Mas estamos longe de ver isso acontecer nos Supermercados aqui no Brasil!

    Resposta
    • 5 de julho de 2016 em 4:36 PM
      Permalink

      Olá Michel, morei por um ano e maeio em Macapá, em 1991/1992. Por dificuldades financeiras eu e meu marido procurávamos nos supermercados por produtos com prazo de validade vencida que eram comercializados pela metade do preço. Essa prática já utilizada no Brasil, em regiões mais pobres. O único cuidado era observar o estado das latas.

      Resposta
    • 31 de julho de 2016 em 8:58 AM
      Permalink

      Muito bom a ideia de fazer isto porquê aqui na minha cidade vão muito inte pra o lixo que ainda da pra se consumido !!

      Resposta
  • 7 de agosto de 2016 em 10:58 PM
    Permalink

    Se observarmos rótulos dos produtos importados, veremos que aparece algo como “melhor consumir até” e no Brasil simplesmente há uma data limite para o consumo, a partir da qual descartamos um produto que pode estar bom para consumo. Um desperdício.

    Resposta
  • 9 de agosto de 2016 em 10:18 AM
    Permalink

    Ideia excelente.Fico feliz em saber que ja tem ALGUEM se interessando em SALVAR O PLANETA.DEVEMOS PARTICIPAR E INCENTIVAR ESTAS INICIATIVAS.

    Resposta
  • 11 de agosto de 2016 em 1:53 AM
    Permalink

    Pena que no Brasil a lei não permite que restaurantes ou padarias doem sobras de comidas para pessoas morrendo de fome. Poderíamos começar por aí.
    Achei a Wefood genial! Obrigada por compartilhar.

    Resposta

Deixe uma resposta

Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.