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Você já experimentou o vento, hoje?

Quanto mais escutamos as crianças, mais percebemos a necessidade de escutá-las. E escutar as crianças não é apenas fazer uma roda de conversa, com perguntas prontas e esperar respostas. Escutar as crianças é mais… muito mais!

E esse é um assunto do qual queremos falar muito, porque não é algo simples já que vivemos em uma sociedade adultocêntrica.

Nos espaços de educação, tradicionalmente é o adulto quem fala, quem explica, quem ensina, quem sabe a resposta. Por isso, escutar as crianças, em geral, é um caminho transgressor.

Parte do exercício de escutá-las está relacionada com nosso olhar sensível para o mundo. Perceber a vida pulsando, pequenas transformações na natureza ao redor, encantar-se com o simples. Olhar para a natureza do mundo ajuda os adultos a observar a natureza das crianças, pois no final, é a mesma coisa.

Perceber o mundo e a criança ajuda a pensar a intencionalidade do espaço de educação que habitamos, as maneiras de organizar esses espaços, e convida para uma investigação mais profunda. Pelas redes sociais do programa Ser Criança é Natural – que dá nome a esta blog – chegam muitos pedidos de educadores a respeito do que fazer e propor para as crianças. Pedidos de planejamento para trabalhar com elementos da natureza, com o vento, com pedras…

São pedidos de todos os tipos, que revelam que muitos educadores querem ampliar a relação com a natureza das crianças, as oportunidades dessa relação. Mas como fazer isso?!

Para nós, o adulto precisa estar sensível ao mundo e perceber as relações que ele proporciona. Quando percebemos isso, nosso caminho para propor ações com as crianças é genuíno e parte das nossas próprias investigações. Quer um exemplo?

“Pessoal, me deem atividades para as crianças experimentarem o vento?”.

O que podemos fazer a partir dessa provocação? Nós gostamos de convidar para a percepção. Você já olhou pela janela, já andou pela cidade e sentiu o vento? De onde ele vem? Pra onde ele vai? O que ele movimenta? Como eu sinto o vento no meu corpo?

Essas são perguntas importantes que dão pistas sobre a organização do espaço, dos materiais, das relações. Inclusive porque investigar o vento em São Paulo é diferente de investigar o vento no Tocantins, no Rio Grande do Norte ou na Amazônia.

O vento chega diferente em cada canto. Como ele chega aí onde você está? E, em um mesmo lugar? O vento chega diferente para o adulto e para a criança?

Considere que, enquanto você está observando e ouvindo a criança, ela está vivendo um processo dinâmico, de uma contínua e lenta transformação, tanto fisicamente, quanto de suas percepções. O mesmo ocorre com o adulto, pois estamos vivos e viver é mover-se, deixar que a força da vida nos conduza, nos forme.

Isso pode (e deve) influenciar o seu olhar, para que ele possa progressivamente ficar mais apurado. Infinitamente! Se observar as crianças brincando, o interesse delas, com o que elas têm se conectado, isso dá outras pistas que também ajudarão neste percurso.

Para além de criar livros com receitas de planejamentos prontos é preciso conhecer as crianças, sua realidade e a si mesmo. Uma jornada sem fim, tão instigante e maravilhosa quanto a própria vida!

Foto: Blickpixel/Pixabay

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