O belíssimo e colorido periquito-andorinha (Lathamus discolor) é o papagaio com o voo mais veloz do mundo. Durante seu período migratório, ele atinge uma velocidade de até 100 km/h para fugir do frio das florestas de eucaliptos da Tasmânia e se refugiar no clima mais ameno do continente australiano, nas regiões da Nova Gales do Sul e Victoria.
Infelizmente, essa ave única é considerada ‘criticamente ameaçada de extinção‘, ou seja, um estágio anterior a desaparecer da natureza. Estima-se que existam apenas 750 periquitos-andorinha em vida livre na Tasmânia, os que sobreviveram ao desmatamento e à perda de habitat.
Agora a Bob Brown Foundation acaba de ter uma primeira vitória na justiça da Austrália para tentar evitar a extinção da espécie. A organização entrou com uma liminar para impedir a exploração madeireira do habitat do periquito-andorinha, ao sul de Hobart, capital da Tasmânia. O pedido foi aceito pela Suprema Corte na terça-feira (30/01).
“Esta é uma grande vitória para as florestas e a vida selvagem da Tasmânia. É o primeiro de uma série contínua de desafios à destruição do nosso patrimônio florestal. Isto é ao mesmo tempo gratificante e uma terrível denúncia aos governos estadual e federal”, diz Bob Brown, diretor da fundação. “É gratificante porque o tribunal precisava ouvir o caso de que as leis da terra impedem o desmatamento da floresta que é habitat do periquito-andorinha, e principalmente de suas árvores de nidificação; mas se esse caso for confirmado, mostra que governos estão infringindo as suas próprias leis ao permitir a destruição do habitat das aves em toda a Tasmânia”.
O caso levado à justiça pela Bob Brown Foundation é contra a Forestry Tasmania, propriedade do governo da Tasmânia.
“Se o tribunal der prosseguimento ao nosso caso, esperamos que sejam tomadas medidas contra aqueles que saquearam ilegalmente esta floresta nativa”, acrescentou Brown.
A fêmea do periquito-andorinha coloca seus ovos em ocos de eucaliptos, mas ela é extremamente seletiva sobre esses locais. Ela dá preferência a cavidades com entradas pequenas e câmaras profundas, características muito raras e encontradas aproximadamente em 5% dessas árvores nas florestas da Tasmânia – em geral, as maiores delas.
A espécie também depende dos eucaliptos para se alimentar, pois ingere o néctar das flores dessas árvores
(Foto: David Cook/Creative Commons/Flickr)
Foto de abertura: Trshuvo, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons