A história de Amanaci tinha tudo para ter um final triste. Em agosto de 2020, essa onça-pintada foi resgatada por bombeiros em uma casa, na região de Poconé, no Mato Grosso. Ela tinha queimaduras de terceiro grau nas quatro patas por causa dos incêndios que destruíram quase 30% do Pantanal naquele ano.
Em estado grave, Amanaci foi levada de helicóptero para o Centro de Medicina e Pesquisa de Animais Silvestres da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). De acordo com os médicos veterinários, além das queimaduras, ela também tinha inalado muita fumaça das queimadas. Transferida posteriormente para o Instituto NEX No Extinction, em Corumbá do Goiás, a onça ficou em tratamento durante mais de dois meses. Todavia, a extensão das lesões foi muito grande: os tendões que ela precisa para expor e usar as garras foram queimados, e sem elas, não conseguiria mais caçar para se alimentar sozinha na vida selvagem.
Amanaci ganhou então um novo lar, em cativeiro, no NEX, num ambiente projetado especialmente para ela, que conta, inclusive, com um lago.
E como contei aqui em dezembro do ano passado, nesta outra reportagem, a fêmea recebeu a visita de um companheiro por um tempo, o macho Guarani. A intenção é que ocorresse um acasalamento e Amanaci pudesse gerar filhotes.
E não é que deu certo?
O Instituto NEX compartilhou ontem (12/03) em suas redes sociais que há 11 dias ela deu à luz dois filhotes. Um deles nasceu com problemas e infelizmente morreu. Mas o outro parece bem e saudável e está sob os atentos cuidados da mãe.
“Nasceu mais um pingo de esperança aqui no NEX! Amanaci virou mamãe!… Enquanto houver vida, haverá esperança!”, celebrou a organização.
O filhote, um macho, foi batizado com o nome de Apoena, que no tupi-guarani significa “aquele que enxerga longe”.
A expectativa agora é que, no futuro, o filhote de Amanaci possa ser solto no Pantanal, após um processo de treinamento para que ele saiba sobreviver na vida selvagem.
Amanaci, super-protetora, ao lado do filhote
O NEX é uma organização não-governamental criada com o objetivo de ajudar na preservação e conservação de onças e pequenos felinos. Há 20 anos atua resgatando, monitorando, reabilitando, abrigando e reintroduzindo esses animais na natureza. Atualmente cuida de 21 onças e uma jaguatirica. Os animais que vivem no local, em sua maioria, tiveram suas mães mortas quando ainda eram filhotes, vítimas de caçadores, maus-tratos ou advindos de resgate do tráfico nacional e internacional.
Assim como Amanaci, Guarani também passou por uma tragédia. O macho foi encontrado ainda recém-nascido, na mata de uma fazenda no Pantanal, muito fraco, desnutrido e desidratado. “A mãe foi morta, acredita-se que por caçadores. Para ser alimentado na mamadeira, além dos cuidados necessários para sobreviver, manteve a interação muito afetiva com as pessoas. O que o tornou muito humanizado”, conta Daniela Gianni, coordenadora de projetos e atividades do NEX. “Por ter sido humanizado, não pôde ser treinado para ser reintroduzido na natureza. A onça precisa saber que o seu maior predador é o ser humano para viver em segurança quando em liberdade, infelizmente”.
*Atualizado em 18/03/22 para incluir o nome escolhido para o filhote de Amanaci
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Fotos: divulgação NEX
Muito bem escrita a matéria, com informações importantes e linda exposição sobre a nossa querida Amanacy. O registro é magnífico e a matéria muito bem escrita. Parabéns pelo registro e exposição, Suzana, que Deus sempre te proteja.
Muitíssimo obrigada pela mensagem carinhosa, Pedro.
Grande abraço,
Suzana