Verdes Marias: irmãs que, desde 2019, incentivam a prática de hábitos saudáveis e a redução do lixo conquistam prêmio

Mariana Moraes já trabalhava com sustentabilidade ambiental e social e pautava seus hábitos diários com base nesses princípios quando notou que suas irmãs, Maria Carolina Moraes, fotógrafa, e Maria Clara Moraes, atriz, demonstravam cada vez mais interesse por esses temas. Queriam saber, na prática, como reduzir seus impactos diários e evitar a produção de lixo, por onde as pessoas devem começar quando querem “mudar o mudo”
Animada, Marina passou a propor desafios para Carolina e Clara, o que logo se disseminou entre amigos e familiares. Não demorou muito para que, movidas pelo desejo de compartilhar descobertas e práticas e ampliar a consciência ambiental, as três irmãs – muito criativas e comunicativas – lançassem o projeto Verdes Marias. Isso aconteceu em 2019.
Desde então, por meio de um perfil no Instagram e de um site, elas incentivam a adoção de uma vida mais sustentável a partir de pequenas ações e mudanças de hábito diárias – que elas chamam de microrevoluções diárias -, com base em uma espécie de mantra: “Por menos lixo, mais orgânicos e uma vida mais consciente”.
Para tanto testam produtos, visitam projetos e iniciativas, questionam e se mantêm antenadas sobre o que acontece no mundo, com o intuito de aprimorar práticas e reflexões, o que ajudou a transformar o projeto inicial num movimento lindo que, em 15 de dezembro, recebeu seu primeiro grande reconhecimento: o Prêmio Lixo Zero Brasil.
O prêmio
É concedido pelo Instituto Lixo Zero a indivíduos, movimentos e empresas que se destacam na promoção do conceito lixo zero no país por meio do exemplo, do trabalho e de dedicação.
Vale destacar aqui que, esse conceito foi definido pela Zero Waste International Alliance (Aliança Internacional Lixo Zero) como “uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vida e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo”.
O prêmio contempla 18 categorias como ações comunitárias, beleza e saúde, celebridades/influenciadores, indústria lixo zero, logística reversa, tecnologias e redução e reuso. Mari, Carol e Clara venceram como influenciadoras.
Rodrigo Sabatini, presidente do instituto, destaca: “A premiação tem como objetivo reconhecer e agradecer aqueles que mais difundiram o conceito lixo zero no país em 2022 e o projeto Verdes Marias têm sido, de forma consistente e eficiente, um importante canal de conscientização e promoção de boas práticas rumo ao lixo zero”.
Em nome das Verdes Marias, Mariana salienta: “Acreditamos que tanto governos, como empresas e organizações têm papel importante no combate ao lixo. Por trás desses lugares existem pessoas, que podem e devem se comprometer em mudar a forma como consumimos e descartamos. Nós buscamos mostrar que é possível mudar e que todo comportamento conta”.
As consequências do acúmulo de lixo
Este é um problema que atinge todo o mundo. Segundo o Banco Mundial, até 2050, vamos produzir cerca de 3,4 bilhões de toneladas anuais, o que significa um aumento de 70% em comparação com 2016, quando foram produzidas 2 bilhões de toneladas.
O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, perdendo apenas para os Estados Unidos, a China e a Índia. Com um agravante: apenas 4% do total é reciclado, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Os números alertam para um cenário cada vez mais grave, resultante da má gestão de resíduos, que causa poluição ambiental, contaminação do solo e da água, destruição de habitats naturais, proliferação de doenças e o avanço do aquecimento global, devido ao aumento das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
A poluição provocada pelo plástico é um dos principais vilões para a preservação dos oceanos, ameaçando diariamente a vida da maioria das espécies marinhas – dos plânctons e moluscos aos mamíferos -, além de prejudicar manguezais e recifes de corais, que são alguns dos ecossistemas marinhos mais importantes para a sobrevivência da humanidade.
Não foi à toa que o Fórum Econômico Mundial e a Fundação Ellen MacArthur denunciaram que, em 2050, os oceanos terão mais plástico do que peixes.
O que fazer
As Verdes Marias destacam que a primeira microrrevolução possível para diminuir o lixo, é repensar o consumo, pois muito do que a maioria das pessoas compra será descartado. Sim, numa sociedade que incentiva o consumismo, o ato de comprar torna-se automático, por isso é preciso refletir sobre a “necessidade” de adquirir novos itens.
E elas ainda citam outras atitudes bacanas: fazer a compostagem de resíduos orgânicos, usar fraldas de pano, realizar compras a granel, reutilizar embalagens e ter um kit com itens que evitam a geração de lixo, como, por exemplo: copo, canudo e talheres reutilizáveis e uma ecobag. Na compra de alimentos, usar sacolas de pano.
Quer mais? “Comprar móveis usados, adquirir roupas em brechós ou realizar trocas, investir em sebos para nutrir o acervo de livros e produzir produtos de limpeza e cosméticos com receitas caseiras”.
E, quando for impossível evitar a compra de algum objeto novo, observar para que ele seja acondicionado com o mínimo de embalagem possível, de preferência feita de papel, vidro, alumínio e outros materiais que podem ser reutilizados, reciclados ou compostados.
A seguir, assista ao vídeo que as Verdes Marias publicaram no Instagram para contar como foi o programa organizado para promover a troca de experiências entre os contemplados com o Prêmio Lixo Zero Brasil e, depois, a cerimônia de entrega.
Foto: divulgação
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.