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“Verão de Lúcifer” poderá ser o novo normal na Europa

incêndio provocado pelo verão extremo na europa

As temperaturas extremas registradas no verão deste ano nos países europeus deverão se repetir nos próximos anos. A afirmação faz parte de um estudo lançado esta semana pelo World Weather Attribution (WWA), organização internacional que analisa os impactos das mudanças climáticas sobre o planeta, reunindo especialistas de instituições como Climate Central, University of Oxford Environmental Change Institute, Royal Netherlands Meteorological Institute, University of Melbourne e Red Cross Red Crescent Climate Centre.

Ao combinar modelos climáticos e médias das temperaturas registradas entre junho e agosto de 2017, os cientistas chegaram à conclusão de que a chamada onda de calor de Lúcifer, que ocorreu neste último verão, sobretudo na região do Mediterrâneo, foi causada pelos efeitos das mudanças climáticas, provocada pela ação do homem na Terra.

“Encontramos claras evidências da influência humana nas temperaturas recordes deste verão e na onda de calor conhecida como Lúcifer”, disse Geert Jan van Oldenborgh, pesquisador senior do Royal Netherlands Meteorological Institute. “Em muitos vilarejos e cidades no sudeste da Europa, há uma chance de 1 em 10 de acontecer novamente ondas de calor como as vistas neste verão. No começo de 1900, o calor experenciado agora seria algo raríssimo”. Ainda segundo os cientistas, ondas como esta têm 40% mais chance de acontecer atualmente, devido ao aquecimento global.

Previsões mostram como as ondas de calor vão aumentar
caso a temperatura do planeta passe de 1,5oC 

De acordo com simulações climáticas feitas pelos pesquisadores do WWA, até 2050, as temperaturas observadas no verão de 2017 passarão a ser as usuais nesta estação do ano no sudeste europeu – Itália, França, Portugal, Espanha, Grécia e Croácia -, caso a emissão de gases de efeito estufa continue crescendo na atmosfera.

O apelido de “Lúcifer” foi dado depois que, em agosto último, diversos países tiveram temperaturas acima de 40ºC. As máximas foram registradas na região da Córsega, na França, Croácia e Itália. Em muitos destes lugares, o calor e a seca provocaram a ocorrência de incêndios. Na Riviera Francesa, turistas foram obrigados a deixar as praias. Já em Portugal, outro incêndio no meio da floresta provocou a morte trágica de mais de 60 pessoas, que ficaram presas dentro de seus carros.

Por causa do calor extremo, os hospitais italianos registraram um aumento de 15% no atendimento de emergência.

Registro de temperaturas escorchantes no último verão europeu

“Os verões ficam cada vez mais quentes. Ondas de calor são muito mais intensas do que aquelas que meus pais viram, nos anos 50. Se não fizermos nada para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, as temperaturas que vimos no último verão serão o normal quando meu filho mais novo for um homem crescido”, afirmou  Friederike Otto, cientista pesquisador da University of Oxford.

“É essencial que cidades trabalhem junto com cientistas e gestores da área de saúde pública para desenvolver planos de ação porque ondas de calor extrema serão corriqueiras no meio do século”, alertou Robert Vautard, pesquisador do Laboratory of Climate and Environmental Sciences. “As mudanças climáticas estão impactando comunidades neste momento e este planejamento estratégico pode salvar vidas”.


Foto: Steve McCaig/Creative Commons/Flickr

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