Trinta rinocerontes brancos do sul são levados da África do Sul para Ruanda, na maior operação já realizada para conservação da espécie

Trinta rinocerontes brancos do sul são levados da África do Sul para Ruanda, na maior operação já realizada no mundo para conservação da espécie

Foram 3.400 km percorridos durante 40 horas. Por ar e terra. Além da distância, o que chama a atenção nessa imensa operação é o peso da carga: 30 rinocerontes brancos do sul, cada um deles com cerca de 1,5 tonelada. O transporte faz parte de um projeto que vem sendo planejado ao longo dos últimos quatro anos por diversas organizações e autoridades da África do Sul e Ruanda como uma nova estratégia pela proteção desses animais.

Assim como as outras espécies (veja quais são todas elas mais abaixo), os rinocerontes brancos do sul sofrem com a caça de seus chifres. São mortos por caçadores, que os vendem para o tráfico ilegal. Para garantir que existam populações em diferentes locais, na vida selvagem, decidiu-se pela transferência de 30 indivíduos da andBeyond Phinda Private Game Reserve, na África do Sul, para o Parque Nacional Akagera, em Ruanda.

Na maior translocação já realizada com essa espécie, os animais foram levados de avião de um país para o outro. Antes disso, foram levamente sedados para que não ficassem muito agitados durante o voo. Todavia, ainda estavam alertas e de pé, apenas levemente sonolentos.

“Esta é uma oportunidade para Ruanda aumentar substancialmente sua contribuição para a conservação dos rinocerontes, com Akagera prestes a se tornar um santuário globalmente importante para rinocerontes negros e agora brancos. Isso é oportuno para a conservação dessas espécies incrivelmente ameaçadas. Estamos extremamente orgulhosos de nossas parcerias de conservação e nossos parques nacionais, que estão desempenhando um papel fundamental no cumprimento das metas de biodiversidade e na promoção de um crescimento socioeconômico sustentável, transformador e equitativo ”, afimrou Ariella Kageruka, diretora executiva de turismo da Rwanda Development Board.

Um rinoceronte sedado e vendado, sendo guiado para o container,
dentro do qual viajaria da África do Sul para Ruanda

Os rinocerontes que viverão agora no parque nacional de Ruanda são 19 fêmeas e onze machos. Todos serão monitorados atentamente pelos próximos meses. A expectativa é que no futuro eles se reproduzam e a população local aumente.

Em 2017, 18 rinocerontes negros do leste já tinham sido reintroduzidos em Akagera, graças ao trabalho realizado pela African Parks e o financiamento da Howard G. Buffett Foundation (assista ao vídeo ao final deste texto sobre essa soltura).

Rinocerontes sendo retirados dos containers

Há cinco espécies de rinocerontes no planeta, três na Ásia (de java, de sumatra, indiano) e duas na África subsaariana (negro e branco). Alguns deles ainda apresentam subespécies, dependendo da região onde são encontrados e algumas pequenas características que os diferenciam.

É o caso dos rinocerontes brancos, que se dividem em do norte e do sul. Estes últimos ainda existem em grande número, cerca de 18 mil indivíduos livres na natureza. Todavia, todas as cinco espécies estão em risco de extinção. Algumas mais do que outras. É o caso, por exemplo, do rinoceronte negro do leste (Diceros bicornis michaeli), considerado criticamente ameaçado.

Por anos e anos, milhares de rinocerontes foram mortos cruelmente na África. Caçadores tiram a vida desses animais para arrancar seus chifres e vender ao mercado asiático, que abastece a crença de que o pó deste possui “poderes medicinais”.  O quilo do chifre é vendido por até 50 mil dólares.

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Fotos: divulgação African Parks/Howard Cleland

Um comentário em “Trinta rinocerontes brancos do sul são levados da África do Sul para Ruanda, na maior operação já realizada para conservação da espécie

  • 2 de dezembro de 2021 em 9:00 AM
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    Benditos estes humanos que dormem e acordam pensando nas espécies ameaçadas e no melhor meio de salva-las. Super heróis que não medem esforços para transportar estes grandões que, além de “espaçosos “, são herbívoros (adoro isso!). Um exemplo para quem acha que comer plantas dá prejuízo na contagem das proteínas (he he). A força deles tá no verde, galera, e a dos elefantes e hipopótamos também. Maravilha.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.